Inflação em baixa, mas juros Selic só caem em março de 2026, diz XP

XP Investimentos prevê inflação em baixa, mas adia cortes na Selic para março de 2026. Entenda o impacto no cenário econômico brasileiro.
cortes na Selic — foto ilustrativa cortes na Selic — foto ilustrativa

A inflação no Brasil tem surpreendido positivamente nos últimos meses. A XP Investimentos destacou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro ficou abaixo do esperado, com deflação em bens duráveis e alimentação. As medidas de núcleo, que excluem itens voláteis, já se encontram dentro do intervalo de tolerância da meta.

Apesar da trégua inflacionária, o aquecido Mercado de trabalho e as expectativas de preços acima da meta levam os analistas da XP a preverem que o Comitê de Política Monetária (Copom) adiará o início dos cortes na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15%, para março de 2026. A projeção é de seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual, culminando em uma Selic de 12% ao final do ciclo.

Cenário Macroeconômico e Perspectivas

Em termos reais, a taxa de juros permaneceria em torno de 7,5%, ainda acima do juro neutro estimado em 5,5%. Para que a taxa básica de juros possa se aproximar desse patamar, a XP aponta a necessidade de reformas fiscais mais profundas.

No mercado de câmbio, a corretora projeta o dólar a R$ 5,30 até o fim deste ano e a R$ 5,50 em 2026. Essa estimativa considera o tom mais rigoroso do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e os déficits em conta corrente.

Dinheiro sendo guardado para poupança, indicando estratégia financeira.
Poupança e investimentos são cruciais em cenários de juros elevados.

Ambiente Externo e Negociações Comerciais

O cenário Internacional tem se mostrado relativamente favorável a países emergentes. Nos Estados Unidos, o Fed já realizou cortes na taxa de juros e pode implementar novas reduções em dezembro, mesmo diante das incertezas geradas pelo shutdown. Contudo, uma eventual retomada da inflação americana poderia impactar esse movimento, valorizando o dólar no curto prazo.

As negociações comerciais entre líderes globais, como Donald Trump, Xi Jinping e Lula, têm contribuído para a redução de tensões no comércio global. Apesar das tarifas impostas pelos EUA, o Brasil tem mantido um bom desempenho nas exportações de commodities como café, minério de ferro e carnes. A produção agrícola deve continuar em alta, sustentando o saldo da balança comercial.

A XP revisou suas projeções de superávit da balança comercial para US$ 66,9 bilhões em 2025 e US$ 69 bilhões em 2026. O Investimento Direto no País (IDP) também apresenta crescimento, especialmente em participações de capital.

Gráfico de balança comercial brasileira em projeção.
Balança comercial brasileira deve registrar superávits expressivos nos próximos anos.

Impacto das Políticas Públicas e Contas Públicas

No cenário político, o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem ganhado fôlego. Medidas como a operação policial no Rio e o avanço da proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil são vistas como impulsionadoras da demanda doméstica. O aumento de investimentos públicos também deve sustentar a economia em 2025 e 2026.

A corretora projeta um crescimento de 2,1% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 e 1,7% em 2026, impulsionados por crédito, renda e investimentos. O desemprego deve se manter estável, entre 5,5% e 6%.

Nas contas públicas, o déficit do setor público consolidado deve atingir R$ 61,8 bilhões (0,8% do PIB) em 2024 e R$ 64,2 bilhões (0,5% do PIB) em 2026. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deve chegar a 83,6% do PIB e a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) a 69,3%, pressionadas por juros altos e subsídios. A XP avalia que a redução do espaço para gastos discricionários exigirá ajustes fiscais a partir de 2027.

Fonte: InfoMoney

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