Correios: PT perde espaço, e Centrão mantém influência em nova gestão

Mudanças nos Correios enfraquecem o PT em diretorias-chave, enquanto o Centrão mantém influência. Entenda o impacto e a crise financeira.
Correios novas diretorias — foto ilustrativa Correios novas diretorias — foto ilustrativa

Os Correios, sob um novo comando, planejam alterações significativas em diretorias estratégicas da empresa. As mudanças em estudo visam diminuir a influência do PT nas áreas de governança e gestão de pessoas, ao mesmo tempo que mantêm figuras ligadas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em cargos-chave de administração e novos negócios.

Por até setembro, os Correios eram um reduto petista dentro do Ministério das Comunicações, pasta que foi cedida ao União Brasil como parte de um acordo para dar suporte ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado Fabiano Silva, filiado ao grupo de juristas de esquerda Prerrogativas, deixou a presidência da empresa. Em seu lugar, assumiu Emmanoel Rondon, um servidor de carreira do Banco do Brasil, com o objetivo de estancar as perdas financeiras que a estatal tem registrado desde 2022.

Essa reformulação, no entanto, pode significar uma redução do espaço do PT na companhia, sem afetar os indicados pelo Centrão. Os diretores de Gestão de Pessoas, Getúlio Marques Ferreira, e de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, ambos ligados ao partido de Lula e com histórico em administrações petistas, estão entre os prováveis demitidos.

Marques Ferreira já ocupou cargos como secretário de Educação no Rio Grande do Norte e no Ministério da Educação (MEC). Picoli Agatte tem ligações com o presidente do PT, Edinho Silva, prefeito de Araraquara (SP), onde atuou como secretária de Planejamento.

Manutenção de Indicados do União Brasil

Em contraste, nomes indicados pelo União Brasil, como os diretores de Negócios, Hilton Cardoso, e de Administração, José Rorício Aguiar, devem permanecer nos cargos. Eles já atuavam nessas posições durante a gestão de Fabiano Silva. Espera-se que Rondon inicie as mudanças nas próximas semanas.

O diretor de Operações, Sérgio Kennedy Soares Freitas, indicado pelo Podemos, também é cotado para deixar o posto. Em seu lugar, pode assumir José Marco Gomes, que foi superintendente dos Correios em São Paulo durante o governo Bolsonaro.

Crise Financeira e Busca por Socorro

Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,37 bilhões nos primeiros semestres de 2025, somando-se às perdas desde 2022. Para lidar com a situação, o Governo busca um empréstimo de R$ 20 bilhões junto ao Banco do Brasil, Caixa e instituições privadas. A operação deve contar com garantias da União e estará atrelada a medidas de saneamento da gestão da estatal.

Alguns setores atribuem o declínio de desempenho da empresa a duas medidas recentes do Ministério da Fazenda: o fim da exclusividade na importação de remessas internacionais e a implementação da “taxa das blusinhas”, que impôs 20% de imposto sobre compras de até US$ 50 em lojas virtuais estrangeiras, antes isentas. Essa decisão visava igualar a concorrência e aumentar a arrecadação.

Por outro lado, a equipe econômica aponta problemas estruturais na companhia, relacionados ao serviço de entregas, que não estariam diretamente ligados à tributação de produtos importados. Durante o governo Bolsonaro, os Correios apresentaram lucros nos primeiros três anos, com resultados ainda maiores em 2020 e 2021 devido ao aumento das entregas de e-commerce durante a pandemia.

Em 2022, no último ano da gestão Bolsonaro, a estatal registrou prejuízo. Uma instrução normativa da Receita Federal em agosto de 2023 permitiu a transportadoras privadas aderir a programas de remessas internacionais, desmantelando o virtual monopólio dos Correios nesse mercado. Posteriormente, o Congresso aprovou a tributação de compras de até US$ 50 no exterior, medida criticada por fortalecer concorrentes privados e inibir compras online que geravam encomendas para os Correios.

Fonte: Estadão

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