A proposta de Empréstimo de R$ 20 bilhões para os Correios, com garantia do Tesouro Nacional, enfrenta cautela por parte do Ministério da Fazenda, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. A principal preocupação reside na necessidade de um plano de recuperação consistente por parte da estatal antes de liberar os fundos. A operação, que visa socorrer a empresa e auxiliar em sua reestruturação, é vista com ressalvas devido à natureza genérica e considerada incipiente do plano apresentado pelos Correios.
Ressalvas sobre o Plano de Recuperação dos Correios
Instituições financeiras, incluindo bancos privados, demonstram interesse na concessão do empréstimo, mas condicionam a liberação dos recursos à apresentação de um plano de recuperação robusto. A exigência visa evitar que o dinheiro seja concedido a fundo perdido, com a expectativa de que a União, como avalista, só precise intervir em cenários de extrema necessidade e alheios à gestão da empresa, como crises econômicas generalizadas.
Técnicos do Ministério da Fazenda entendem que o aval do Tesouro deve ser considerado um “risco de cauda”, a ser acionado apenas em situações excepcionais. Portanto, os Correios precisam demonstrar autonomia para se reerguer financeiramente. Até o momento, um pedido formal de aval para o empréstimo não foi oficializado junto ao Tesouro.
Tanto o Ministério da Fazenda quanto os bancos estatais não comentaram oficialmente sobre o assunto. O novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, com perfil Técnico, mas sem experiência prévia em reestruturações de grande porte, assumiu o cargo há pouco mais de 20 dias e ainda está mapeando as dificuldades da companhia.
Previsões e Desafios da Estatal
Emmanoel Rondon admitiu que, mesmo com a injeção de R$ 20 bilhões, os Correios não devem retornar ao Lucro antes de 2027. Essa projeção é considerada otimista, especialmente diante do prejuízo de R$ 4,3 bilhões registrado no primeiro semestre deste ano. Atualmente, não há um plano estruturado de recuperação em desenvolvimento pelos ministérios envolvidos (Comunicações, Gestão e Fazenda).
Proposta de Reestruturação em Três Fases
A Diretoria dos Correios delineou uma proposta de reestruturação com três pilares principais: cortes de despesas operacionais e administrativas, diversificação de receitas e recuperação de liquidez. Entre as medidas de corte de gastos, destacam-se um programa de demissões voluntárias (PDV) mais abrangente, a venda de ativos imobiliários ociosos e a renegociação de contratos com fornecedores.
Na frente de receitas, a empresa busca reaproximação com grandes clientes e estuda a incorporação de serviços financeiros e outras atividades logísticas, baseando-se em experiências internacionais. Os bancos que analisam o balanço da estatal apontam a necessidade urgente de resolver o passivo trabalhista, o peso da folha de salários e mapear os ativos imobiliários para potenciais operações financeiras.
Os Correios defendem que o plano de recuperação só será viável com a injeção de capital de R$ 20 bilhões para reforçar o caixa, regularizar pendências com fornecedores e restabelecer a capacidade operacional. A empresa propõe um modelo de consórcio bancário, com atuação conjunta das instituições financeiras para ofertar o capital em condições de mercado. No entanto, os bancos estatais avaliam que o socorro financeiro deve ocorrer apenas quando houver uma estratégia clara que garanta a capacidade de pagamento dos Correios, o que não deve ocorrer antes de meados de 2025.
Fonte: Estadão