Careca do INSS, Buzeira e PCC: Ligações na Lavagem do Corinthians-Vai de Bet

Polícia liga “Careca do INSS”, influenciador Buzeira e empresas a uma rede de lavagem de dinheiro relacionada ao contrato do Corinthians com a Vai de Bet.
Corinthians Vai de Bet PCC — foto ilustrativa Corinthians Vai de Bet PCC — foto ilustrativa

Uma conexão surpreendente une duas investigações distintas: as fraudes contra aposentados do INSS e os desvios no contrato entre o Corinthians e a empresa de apostas Vai de Bet. O elo seria o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Antônio Carlos Camilo Antunes, o 'Careca do INSS', investigado por ligações com lavagem de dinheiro.
Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado como operador financeiro de fraudes.

Investigações Conectam “Careca do INSS” e Influenciador Buzeira

Antunes foi inicialmente identificado pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, que apura abatimentos indevidos em contracheques de aposentados. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, que investiga o contrato do Corinthians, Antunes teria atuado em outros “nichos”, possivelmente ligados à lavagem de dinheiro.

A Defesa de Antunes, representada pelo advogado Cléber Lopes, afirma que as transações citadas pela polícia se referem a relações comerciais e não a atividades gerenciais.

Empresas do “Careca do INSS” e a Lavagem de Dinheiro

Duas empresas ligadas a Antunes, a ACCA Consultoria Empresarial Ltda e a Arpar Administração, Participação e Empreendimento S.A., foram mencionadas em um relatório do Coaf. Estas empresas apareceram em investigações sobre o caso Vai de Bet, indicando movimentações financeiras suspeitas.

O relatório final da Polícia Civil paulista, com 272 páginas, aponta que a empresa Wave Intermediações de Negócios pode ter sido utilizada para lavar parte do dinheiro desviado do contrato entre o Corinthians e a Vai de Bet. O CNPJ da Wave transacionou com 2.905 pessoas físicas e jurídicas, incluindo as empresas de Antunes.

Relatório da Polícia Civil sobre o caso Corinthians-Vai de Bet detalha movimentações financeiras.
Documento de 272 páginas detalha a investigação sobre o contrato.

Entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, a Arpar realizou Transferências de R$ 1.058.500,00 para a Wave. Nesse período, a Arpar recebeu mais de R$ 125 milhões, com mais de R$ 7 milhões provenientes da ACCA. A Polícia Civil descreve a Arpar como uma aparente operadora de recursos de distintas fontes ilícitas.

Influenciador Buzeira e a Rede de Lavagem

Na lista de transações da Wave, figura também o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como “Buzeira”. Ele é investigado por suspeita de ligação com o traficante “Neymar do PCC”, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro do PCC. Buzeira e sua empresa, a Buzeira Digital, receberam recursos de pessoas e empresas que transacionaram com a Wave.

A Polícia de São Paulo considera “extremamente questionável” a presença da Wave nessas operações financeiras, especialmente pela suspeita de seu papel central na lavagem de dinheiro do crime organizado e a ligação de influenciadores com organizações criminosas.

Influenciador Buzeira, com milhões de seguidores, é investigado por ligações com o PCC.
Buzeira, com 13 milhões de seguidores, é apontado em transações suspeitas.

A Wave também teve um relacionamento financeiro intenso com a empresa Victory Trading Intermediação de Negócios, Cobranças e Tecnologia Eireli, com transferências que chegaram a R$ 13,6 milhões em dois dias. Operações milionárias da Victory para Buzeira foram identificadas.

Investigadores apontam um “entrelaçamento atípico” de pessoas ligadas à direção do Corinthians com a rede criminosa. Buzeira, torcedor declarado do clube, esteve em campo na final do Campeonato Paulista e foi um dos maiores doadores da “vaquinha” da Fiel Torcida.

Posições e Defesas

As defesas dos citados apresentaram seus argumentos. O criminalista Átila Machado, que defende Marcelo Mariano, alega que as provas demonstram a inocência de seu cliente e a legalidade de seus atos. A defesa do presidente do Corinthians, Augusto Melo, nega veementemente qualquer envolvimento com organização criminosa, afirmando que a investigação se restringe a um contrato específico.

Eduardo Pizarro Carnelós, advogado de Yun Ki Lee, contestou o indiciamento de seu cliente, argumentando que ele atuou como Diretor Jurídico do Corinthians para preservar os interesses do clube e que agiu dentro da legalidade. A defesa de Sérgio Moura declarou que os elementos produzidos demonstram sua inocência e que isso será comprovado em eventual processo penal.

Fonte: Estadão

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