Copom: Selic a 15% e comunicado; mercado espera tom duro

Copom mantém Selic em 15%? Mercado analisa se comunicado do Banco Central será hawkish ou dovish, com foco na inflação e nos próximos passos da política monetária.
Copom Selic — foto ilustrativa Copom Selic — foto ilustrativa

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta terça e quarta-feira, 4 e 5 de novembro, para definir a nova taxa de juros. O consenso do Mercado é que a Selic será mantida em 15%. A expectativa agora se volta para o comunicado do Copom: se o tom será duro (hawkish) ou suavizado (dovish), indicando o momento de um possível ciclo de corte de juros.

Economistas consultados pelo InfoMoney avaliam que, apesar de alguns indicadores mostrarem desaceleração da atividade econômica, fatores de peso devem levar o Copom a manter os juros em patamar elevado por um período prolongado.

Cenário Macroeconômico: Pressões e Alívios

Desde a última reunião do Copom, indicadores da atividade econômica revelam sinais de desaceleração, perda de tração do crédito e recuo da inflação, demonstrando o impacto da política de juros sobre a economia. No entanto, o mercado de trabalho mantém sua resiliência, com a taxa de desemprego registrando mínimas históricas. Embora o país continue gerando vagas, o ritmo ficou abaixo do esperado no último mês.

No campo fiscal, o cenário de estabilização da dívida pública continua desafiador, segundo Arnaldo Lima, líder de RI da Polo Capital. Ele destaca, porém, indícios de menor impulso fiscal, evidenciados pela queda de 0,6% no consumo do Governo em comparação trimestral ajustada sazonalmente, frente a um avanço de 0,4% do PIB.

Lima acrescenta que a ampliação das faixas de isenção tende a estimular a demanda agregada, mas a reação da oferta permanece incerta.

Inflação como Divisor de Águas

Luis Otávio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partners, considera a inflação o principal fator para determinar se o comunicado do Copom será dovish ou hawkish, diante das incertezas fiscais e externas. O relatório Focus tem indicado um recuo na projeção da inflação para 2025 (de 4,8% para 4,55%), 2026 (de 4,28% para 4,20%) e 2027 (de 3,9% para 3,8%).

“Teremos que ver se o foco será nos resultados correntes melhores que o esperado e na queda das expectativas de inflação, ou no fato de que estes movimentos ainda são incipientes e incompatíveis com a meta de inflação”, avalia Leal. A meta de inflação do Banco Central é um ponto crucial para a definição da política monetária.

Análise do Comunicado do Copom

A principal interrogação para esta reunião do Copom é se o comitê removerá a sinalização de que poderia retomar o ciclo de alta de juros, se necessário. Júlio barros, economista do Daycoval, acredita que essa passagem pode ser retirada, abrindo caminho para o início do ciclo de corte de juros no começo do próximo ano. Caso seja mantida, o mercado interpretará que os cortes podem ocorrer mais para frente, possivelmente entre janeiro e março de 2026.

Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, ressalta que a estabilização do mercado de trabalho está próxima da mínima histórica da taxa de desemprego, e a inflação corrente ainda está distante do objetivo da política monetária. “A melhora das expectativas, mesmo que expressiva, ainda deixa as projeções de mercado consistentemente acima da meta. De forma que o Copom reconhecer esse movimento de melhora, nesse momento, pode ser contraproducente”, avalia. Para ele, o Copom não mudará a sinalização de manter os juros altos por um período prolongado devido à desancoragem das expectativas.

Postura Hawkish vs. Espaço Dovish

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, aponta que o mercado de trabalho e o consumo podem influenciar a análise do Comitê, que deve manter uma postura cautelosa. “O mercado de trabalho resiliente mantém o consumo em níveis relativamente elevados, e continua sustentando parte da pressão sobre os preços de serviços”, afirma. Núcleos de inflação permanecem acima da meta, e as projeções de inflação do mercado, mesmo com a melhora recente, seguem distantes do centro da meta, reforçando a necessidade de manutenção da postura cautelosa.

No cenário Internacional, Arnaldo Lima (Polo Capital) observa que, embora a guerra tarifária não tenha gerado impactos tão negativos quanto temido, o cenário global exige cautela da Autoridade Monetária. A resiliência do mercado de trabalho reflete um desequilíbrio entre oferta e demanda que mantém a inflação de serviços pressionada, exigindo a manutenção de uma política monetária contracionista por um período prolongado.

Luis Felipe Vital, chefe de Estratégia Macro e Dívida Pública da Warren, espera que o comitê reitere que os riscos permanecem mais elevados do que o usual, sem alterações relevantes em relação às comunicações anteriores. “Não se espera nenhuma mudança relevante na comunicação do Banco Central. O elemento hawkish que o Banco Central pode trazer diz respeito à perseguição do centro da meta de 3,0%. Embora o tema não seja novo, o momento atual seria propício para o reforço dessa mensagem”, diz.

Projeções para o Corte da Selic

Além desta reunião em novembro, o Copom tem uma última reunião do ano marcada para 9 e 10 de dezembro. Em 2026, as reuniões do primeiro trimestre ocorrerão em 27 e 28 de janeiro e em 17 e 18 de março. Os economistas divergem sobre quando ocorrerá o primeiro corte na taxa Selic no próximo ano.

G5 Partners e Polo Capital projetam o corte para janeiro. Suno e C6 Bank preveem para março de 2026. A XP Research projeta que a taxa Selic atingirá 12,00% ao final de um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 p.p., com início em março de 2026. A taxa básica se estabilizaria em torno de 7,5% em termos reais, acima do nível neutro, refletindo os desafios fiscais previstos.

A Reach Capital revisou sua projeção de início do ciclo de cortes para abril de 2026. Independentemente do início, a projeção é que a Selic termine em 12,25% em 2026, de acordo com o relatório Focus. A estimativa para 2027 permaneceu em 10,50%, e para 2028 em 10%.

Política Monetária e a inflação são temas centrais na definição dos juros.

Fonte: InfoMoney

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