Copom deve manter cautela e adiar cortes de juros; veja projeções

Copom deve manter a taxa Selic inalterada e adiar cortes de juros. Especialistas projetam início do ciclo de flexibilização monetária para março de 2026.
Copom manter indefinido início de cortes de juros — foto ilustrativa Copom manter indefinido início de cortes de juros — foto ilustrativa
Sede do Banco Central em Brasília 22/03/2022. REUTERS/Adriano Machado

A XP Investimentos promoveu um encontro com economistas e gestores do Mercado para discutir o cenário macroeconômico, projeções para a taxa Selic e expectativas quanto ao início do ciclo de corte de juros. Especialistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidirá pela manutenção da Selic nesta quarta-feira (5), com um tom cauteloso no discurso, apesar da descompressão inflacionária recente.

Cenário Macroeconômico e Tom Cauteloso do Copom

A leitura predominante entre os especialistas é que o Copom não deve promover mudanças significativas na mensagem que acompanha a decisão sobre a taxa básica de juros. As autoridades monetárias tendem a manter o discurso de que os juros permanecerão em patamar elevado por um período prolongado. Essa postura se justifica pela persistência de um mercado de trabalho aquecido, o que permite ao Banco Central agir com cautela, mantendo o foco no objetivo de reduzir a inflação.

Marcelo Toledo, economista-chefe da Bradesco Asset Management (BRAM), e Caio Megale, do time de Economia da XP, compartilharam suas visões, indicando que a decisão sobre o início do ciclo de cortes na Selic e a duração desse novo ciclo dependerão significativamente dos dados de atividade econômica.

Gráfico de renda fixa com projeções de juros
Especialistas analisam cenário de renda fixa e expectativas para a Selic.

Projeções para o Início do Ciclo de Cortes de Juros

A estimativa majoritária aponta para o primeiro corte de juros ocorrendo em março de 2026. No entanto, a hipótese de um corte em janeiro não está completamente descartada, especialmente se a inflação continuar a apresentar melhora e o mercado de trabalho começar a desacelerar. Para que o corte ocorra em março, o Banco Central pode começar a suavizar o tom em suas comunicações a partir de dezembro, retirando a referência ao “período bastante prolongado” de seus comunicados.

Em janeiro, o Copom poderia sugerir um viés de queda, com o ciclo de flexibilização monetária se iniciando efetivamente em março. Caio Megale sugeriu que, mesmo que o Banco Central pretenda iniciar os cortes em janeiro, é provável que a postura cautelosa seja mantida na decisão de novembro, flexibilizando o tom em dezembro, se as condições permitirem.

As estimativas da XP consideram que o ciclo de flexibilização monetária envolverá seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual, levando a Selic a atingir 12% ao ano. Em termos reais, a taxa se estabilizaria em 7,5%, um patamar considerado acima do neutro pelos especialistas.

Sede do Banco Central do Brasil
O Banco Central monitora os indicadores econômicos para definir a política monetária.

Riscos e Estímulos Fiscais no Horizonte

A discussão também abordou os efeitos da liberação de compulsório da poupança e os R$ 40 bilhões destinados a financiar reformas residenciais através do programa Reforma Casa Brasil. Estes estímulos fiscais, somados à proposta de isenção do Imposto de Renda a partir de janeiro de 2026, podem manter a economia brasileira aquecida no primeiro trimestre de 2026. Esse cenário eleva o risco de cortes de juros menores ou ainda postergados.

Os estímulos fiscais podem levar o BC a revisar sua perspectiva sobre a ociosidade da economia, o que, por sua vez, pode limitar a queda das projeções de inflação. A avaliação majoritária dos participantes é que a política monetária será pouco condicionada à disputa presidencial de 2026 em seus movimentos iniciais de cortes de juros.

Fonte: InfoMoney

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