COP-30: Agronegócio e Petróleo Definem Defesas Contra Emissões

Setores como agronegócio e petróleo definem estratégias e pautas para a COP-30 em Belém, focando em sustentabilidade e financiamento climático.
COP-30 — foto ilustrativa COP-30 — foto ilustrativa

Os setores de óleo e gás e a agropecuária, grandes emissores de gases de efeito estufa, definirão suas pautas de Defesa na COP-30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Belém. Entidades setoriais e empresas participarão ativamente, buscando influenciar os debates e apresentar suas práticas como sustentáveis.

Participação de Setores na COP-30

Organizações como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Petrobras estarão presentes na COP-30. A CNA, observadora do Acordo de Paris, visa demonstrar a sustentabilidade das práticas do agronegócio brasileiro e discutir mecanismos de financiamento climático para produtores. O setor responde por 29% das emissões brasileiras, com atividades ligadas à mudança de uso da terra contribuindo com 42% dos gases poluentes do país.

A assessora técnica de sustentabilidade da CNA, Amanda Roza, destaca a importância de mostrar como o agro funciona no Brasil, que possui vantagens como a possibilidade de múltiplas safras e áreas degradadas para recuperação, permitindo ampliação da produção sem desmatamento adicional. No entanto, o desafio de cessar o desmatamento ilegal, crime que a CNA combate, ainda é significativo. A entidade apoia a regularização de produtores e a manutenção de áreas de preservação permanente.

A CNA terá um stand na Blue Zone, focando em temas como financiamento climático e a contabilização de emissões, buscando reconhecimento para técnicas como o plantio direto que mitigam gases poluentes. Paralelamente, a Embrapa organizará a AgriZone, um espaço fora da área oficial da COP para discussões sobre agropecuária e soluções sustentáveis.

Imagem ilustrativa sobre a COP-30 e a agenda climática no Brasil.
A COP-30 em Belém reunirá setores chave para debater emissões e clima.

Iniciativas da Petrobras e Setor de Gás

O setor de óleo e gás será representado principalmente pela Petrobras, que realizará painéis sobre descarbonização do setor e do transporte. A empresa afirma que sua participação visa apresentar iniciativas concretas e um plano de investimentos que equilibre segurança energética, desenvolvimento econômico e responsabilidade climática, aproveitando a conferência para discutir modelos sustentáveis com uso de tecnologia e inovação.

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) também terá presença, com painéis sobre redução de emissões de metano na Blue Zone e participação em discussões na Green Zone, no stand da CNI. O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, foi credenciado pelo governo brasileiro como membro da delegação, tendo Acesso a mais salas de negociação. Ardenghy defende que, apesar da demanda crescente por energia, a transição energética deve ser gradual, com os combustíveis fósseis ainda fornecendo escala e lastro, enquanto as fontes renováveis são intermitentes.

Carlos Victal, gerente de sustentabilidade do IBP, ressalta que o setor petroleiro possui a capacidade financeira e de gestão para investir em energias renováveis, embora os investimentos da Petrobras em baixo carbono representem apenas 15% do total até 2029. Victal argumenta que o afastamento dos combustíveis fósseis deve ser entendido como uma diluição de sua participação no setor energético, com o aumento da demanda global e o crescimento das renováveis.

Análises e Desafios do Setor

Caio Vieira, especialista em políticas climáticas do Instituto Talanoa, considera meritório que setores intensivos em carbono tragam soluções, desde que alinhadas à ciência. Ele critica discursos que apresentam meias-verdades, como a alegação de que a produção de óleo e gás brasileira é menos poluente. Vieira aponta que 90% das emissões do segmento ocorrem na queima dos combustíveis, não na exploração.

Para Vieira, a participação de representantes do setor de óleo e gás na delegação brasileira é compreensível dada a importância econômica, mas eles precisam estar alinhados às necessidades da ciência. Ele questiona quais são os reais interesses por trás dessa participação. A COP-30 em Belém será crucial para definir os próximos passos e as estratégias de mitigação e adaptação climática globais.

Fonte: Estadão

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