COP-30 na Amazônia: Brasil anfitrião e vitrine cobra resultados concretos

COP-30 na Amazônia: Brasil será anfitrião e vitrine, cobrado a apresentar resultados concretos em transição climática e desenvolvimento sustentável.
COP-30 Brasil Amazônia — foto ilustrativa COP-30 Brasil Amazônia — foto ilustrativa

A COP-30, que ocorrerá pela primeira vez na Amazônia, promete ser um divisor de águas no regime climático global. O evento, sediado no coração da maior Floresta tropical do planeta, colocará o Brasil não apenas como anfitrião, mas também como uma vitrine, sendo cobrado a apresentar resultados concretos na transição para uma economia de baixo carbono.

Da Era das Promessas à Era das Entregas

Após três décadas de negociações climáticas, o sistema multilateral se encontra em um complexo labirinto de metas e compromissos frequentemente não cumpridos. Belém, o palco da COP-30, simboliza a transição de um ciclo de promessas para um de entregas efetivas. A expectativa global é por resultados práticos que demonstrem a capacidade coletiva de converter compromissos em políticas públicas e instrumentos financeiros, promovendo uma transição justa e sustentável.

Espera-se que a COP-30 marque a incorporação definitiva da economia na agenda climática. A proposta de um roadmap global de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035, focado na transição de países em desenvolvimento, evidencia a magnitude do desafio. A transição efetiva demandará o envolvimento ativo de ministérios da Fazenda e do Planejamento, bancos de desenvolvimento e todo o sistema financeiro. Sem regras fiscais e financeiras adequadas, a descarbonização torna-se inviável.

Conferência COP-30 sediada no Brasil com foco em resultados climáticos
Brasil se prepara para sediar a COP-30 na Amazônia, com foco em resultados climáticos.

Financiamento Climático e Novos Modelos de Governança

O atual sistema de financiamento climático ainda se baseia em promessas fragmentadas e aportes pontuais, um modelo que perpetua a dependência do Sul Global. Nesse contexto, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) surge como uma iniciativa para romper esse padrão, buscando um fluxo de recursos permanente e autônomo para a conservação de florestas tropicais. Embora a ideia seja relevante, a meta de mobilizar US$ 125 bilhões ainda carece de aportes concretos além do compromisso inicial do Brasil. Sem governança robusta e escala adequada, o risco é a repetição de fundos ambiciosos, porém pouco operacionais.

A conferência em Belém também tem o potencial de inaugurar uma nova governança climática, com o Sul Global assumindo uma posição de Liderança. A descentralização das decisões e a possibilidade de futuras COPs serem realizadas no Hemisfério Sul simbolizam essa mudança. No entanto, para que essa transformação seja mais do que meramente simbólica, é fundamental que ela se baseie em princípios de justiça climática, com poder de decisão compartilhado, igualdade de gênero e protagonismo de povos indígenas e comunidades tradicionais. A ausência desses pilares pode resultar em uma mera troca do centro geográfico do poder, sem alterar a dinâmica de poder existente.

O Sucesso da COP-30: Resultados e Não Anúncios

A COP-30 em Belém pode marcar o fim de um ciclo onde grande parte dos acordos climáticos já foi pactuada. O verdadeiro sucesso do evento não será medido pela quantidade de novos anúncios, mas pela capacidade do Brasil e da comunidade internacional em converter promessas em resultados duradouros e tangíveis. A expectativa é que as discussões resultem em ações concretas que impulsionem a descarbonização global e promovam um desenvolvimento mais justo e sustentável.

Fonte: Estadão

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