A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) está sob escrutínio após um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) indicar que a entidade tentou descontar benefícios previdenciários de pelo menos 22 pessoas que já haviam falecido há mais de três meses. As informações, obtidas pelo Estadão e enviadas à CPI do INSS, levantam sérias questões sobre a gestão de recursos da organização, conhecida por sua proximidade com o PT.
![](<figure><img src="https://img.estadao.com.br/fotos/testeira/2025/09/68cb3a8f6d428_712x57_CPI_INSS_712x57.png" alt=""><figcaption></figcaption></figure>)
O levantamento da CGU cruzou dados das associações com o arquivo de retorno da Dataprev, identificando 22 tentativas de inclusão de descontos associativos para beneficiários falecidos. Os casos registrados ocorreram em 2021 (4), 2023 (7) e 2024 (11). O relatório aponta que a Contag realizou, ao menos, 22 tentativas de desconto em benefícios de pessoas já falecidas, utilizando um critério de pelo menos 90 dias entre o óbito e o pedido de desconto para descartar meros erros cadastrais. Isso sugere que o número de casos pode ser ainda maior.
Contag: Volume Financeiro e Suspeitas de Irregularidades
A Contag, criada nos anos 1960, é a entidade que mais arrecadou com descontos associativos no Brasil, somando aproximadamente R$ 3,4 bilhões entre 2016 e janeiro de 2025. Um relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que, em apenas um ano, a entidade movimentou R$ 2 bilhões, com uma parte das transações entre maio de 2024 e maio de 2025 classificada com “suspeitas de irregularidades podendo caracterizar desvio com fraudes”.
Investigações e Operações em Andamento
Diante das suspeitas, a Contag se tornou alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, e está sob investigação na CPI do INSS. Há indícios de que parte dos recursos arrecadados pela entidade tenham sido desviados para serviços como bufês e agências de viagem. Um caso específico que chama atenção é o repasse de R$ 1,5 milhão da Contag para uma esteticista de Santa Catarina, sem uma relação comercial aparente, segundo informações apuradas pelo Estadão.
Relações Políticas da Contag
A Contag possui fortes laços políticos com o Partido dos Trabalhadores (PT), contando com membros filiados à sigla. O ex-presidente da entidade, Aristides Veras, é irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE). A proximidade com o partido levanta questionamentos sobre a governança e a transparência das operações financeiras da confederação.
Fonte: Estadão
