Governadores de oposição a Lula criam ‘consórcio da paz’ contra crime organizado

Governadores de oposição a Lula anunciam no Rio o ‘consórcio da paz’, uma aliança estadual para combater o crime organizado e criticar políticas federais de segurança.
Governadores de oposição a Lula em reunião no Rio de Janeiro para anunciar o consórcio da paz. Governadores de oposição a Lula em reunião no Rio de Janeiro para anunciar o consórcio da paz.

Governadores que se opõem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram nesta quinta-feira (30) a criação de um “consórcio da paz”. A iniciativa visa integrar esforços no combate ao crime organizado e surge após uma megaoperação no Rio de Janeiro que resultou em mais de 120 mortos e paralisou a cidade.

O anúncio foi feito durante um encontro no Palácio Guanabara, sede do governo Fluminense. A reunião serviu também como plataforma para críticas ao governo federal na área de segurança, em um momento em que o Planalto busca acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso Nacional. Essa PEC propõe a implementação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que prevê compartilhamento de informações e unificação de sistemas entre os entes federativos, embora sua lei, de 2018, nunca tenha sido completamente implementada.

Críticas à PEC da Segurança Pública

Governadores de direita criticaram a PEC, com Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, classificando-a como “proposta fake”. Segundo Caiado, o objetivo do Governo federal seria retirar dos governadores as diretrizes gerais de segurança pública, configurando uma “intervenção direta nas polícias dos Estados”. Ele argumentou que a legislação ordinária já prevê o que está sendo proposto, e a única novidade constitucional seria a tentativa de tirar poder dos Estados.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, também expressou forte descontentamento, afirmando que o presidente Lula transformou o Brasil em um “paraíso para os bandidos e um inferno para as pessoas de bem”. Zema criticou a aparente inércia do governo federal no combate à criminalidade, contrastando com ações externas do presidente para negociar paz em conflitos internacionais.

Participaram presencialmente do encontro no Rio os governadores Cláudio Castro (PL) do Rio de Janeiro, Ronaldo Caiado (União Brasil) de Goiás, Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais, Jorginho Mello (PL) de Santa Catarina, e Eduardo Riedel (PP) do Mato Grosso do Sul. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), também esteve presente. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, participou remotamente, enquanto Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, não conseguiu comparecer devido a imprevistos.

Objetivos do Consórcio da Paz

Cláudio Castro, anfitrião do evento, detalhou que o “consórcio da paz” permitirá o compartilhamento de experiências, ações e auxílio mútuo entre os Estados no combate à violência. A iniciativa, que ainda será regulamentada, prevê ter o Rio de Janeiro como sede e visa expandir a adesão para todos os 27 Estados brasileiros. Castro destacou a oportunidade de mudar a realidade do país através da integração e do diálogo, com a possibilidade de compras consorciadas de equipamentos.

A criação do consórcio ocorre paralelamente a outro anúncio feito na noite anterior: a formação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado, em parceria entre o Ministério da Justiça e o governo do Rio. A estrutura será coordenada pelos secretários de Segurança Pública nacional, Mário Sarrubbo, e estadual, Victor Santos, mas os detalhes de seu funcionamento ainda não foram divulgados.

Esta nova aliança entre governadores de oposição reflete um cenário de divergências com o governo federal quanto às estratégias de segurança pública e demonstra a articulação de um bloco político para apresentar alternativas e pressionar por mudanças na condução da política nacional de segurança.

Governadores de oposição a Lula em reunião no Rio de Janeiro para anunciar o consórcio da paz.
Governadores da oposição anunciam ‘consórcio da paz’ no Rio de Janeiro.

Fonte: Valor Econômico

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade