COEs de Ambipar e Braskem: Falta de Informação Prejudica Investidores

Investidores sofrem perdas em COEs da Ambipar e Braskem por falta de informação. Entenda os riscos, a ausência de FGC e a importância da transparência.
COEs Ambipar Braskem XP BTG perdas — foto ilustrativa COEs Ambipar Braskem XP BTG perdas — foto ilustrativa

Investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) atrelados a títulos de dívida da Ambipar e da Ambipar e da Braskem enfrentam perdas expressivas, com alguns casos chegando a quase 93% do valor investido. Comunicações de instituições financeiras indicam que esses produtos, distribuídos majoritariamente pela XP Investimentos e pelo BTG Pactual, expuseram clientes à Falta de informação clara sobre riscos efetivos.

COEs são instrumentos financeiros que combinam diversos ativos, como ações, índices e taxas de juros, oferecendo riscos e ganhos pré-definidos. No cenário atual, os COEs em questão eram do tipo crédito, baseados em títulos de dívida emitidos pelas próprias empresas. Quando a saúde financeira do emissor se deteriora, o valor desses títulos no Mercado cai, impactando diretamente o valor do COE.

Mecanismos de Resgate e Proteção

Especialistas explicam que COEs possuem mecanismos de resgate antecipado. Acionar um “gatilho” pode fazer com que a aplicação termine antes do prazo. Nesse caso, o investidor recebe o Valor de mercado dos títulos subjacentes, que pode ser significativamente menor que o nominal. Isso explica as perdas substanciais: investidores de COEs da Ambipar receberam apenas 6,88% do aplicado, enquanto os da Braskem recuperaram entre 26,62% e 36,97%.

A ideia de “capital protegido” em alguns COEs é condicional e depende da saúde financeira do emissor. Se a entidade que garante a proteção enfrentar dificuldades de crédito, o investidor pode sofrer perdas. Marcus Valverde, advogado especializado em mercado financeiro, aponta que a falta de clareza nessas informações dificulta a compreensão dos riscos para investidores menos experientes e sugere uma revisão das regras pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Investidores em COEs sofrem perdas significativas em investimentos ligados à Ambipar e Braskem devido à falta de informação e risco de crédito.
Investidores em COEs enfrentam perdas significativas, expondo a complexidade e os riscos desses produtos financeiros.

O Papel da Informação e a Regulação

Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa (IE), critica a oferta desses produtos a investidores com pouco conhecimento, afirmando que os ativos não foram adequadamente selecionados e auditados antes de serem vendidos ao varejo. O IE estuda ações e reúne investidores prejudicados, defendendo a necessidade de normas mais rigorosas para garantir o alinhamento dos investimentos ao perfil do cliente e a exigência de relatórios de risco objetivos e auditorias independentes.

Falta de Cobertura do FGC

É crucial notar que COEs não possuem cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Em caso de perdas, não há um mecanismo externo de recuperação, deixando o investidor totalmente exposto ao risco de inadimplência do ativo base. Este cenário é particularmente preocupante em COEs de crédito, que representam cerca de 15% do mercado de COEs no Brasil, volume que atingiu R$ 90 bilhões em 2024, com crescimento de 16% em relação ao ano anterior.

Recomendações para Investidores de COEs

Para quem considera investir em COEs de crédito, o planejador financeiro Jeff Patzlaff recomenda buscar informações detalhadas sobre:

  • Cláusulas de vencimento antecipado;
  • Situações de risco de crédito;
  • Valor de recuperação em caso de problemas com o emissor;
  • Cenários simulados, especialmente o mais desfavorável;
  • Referência dos títulos envolvidos (códigos, moeda);
  • O que pode acionar o vencimento antecipado.

A falta de clareza e a sofisticação desses produtos em relação à capacidade de entendimento do investidor médio levantam sérias questões sobre as práticas de mercado e a necessidade de maior transparência e regulamentação.

Fonte: G1

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