O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), declarou nesta quarta-feira (29) que o Governo estadual não buscará mais auxílio financeiro do governo federal para combater a criminalidade, adotando uma postura de “ou soma ou suma”. Em coletiva de imprensa no Palácio Guanabara, um dia após uma grande operação contra o Comando Vermelho, Castro enfatizou que o Estado está preparado para lidar com a situação de forma autônoma, mas que aqueles que desejam contribuir são bem-vindos.
Postura do Governo do Rio contra o Crime Organizado
“Todo aquele que quiser vir para cá no intuito de somar, seja governador, seja ministro ou qualquer outra autoridade, é bem-vindo. Quem quiser somar com o Rio de Janeiro nesse momento no combate a criminalidade é bem-vindo. Os outros que querem fazer confusão, que querem fazer politicagem, a nosso único recado é: suma. Ou soma ou suma”, afirmou o governador.
A declaração surge em meio a tensões entre o governo estadual e o federal sobre o apoio nas ações de segurança pública. Anteriormente, Castro havia criticado a falta de apoio das forças federais, alegando que o Estado agia “sozinho” no combate ao crime organizado. O Ministério da Justiça, por outro lado, contestou a afirmação, indicando que todas as solicitações de atuação da Força Nacional haviam sido atendidas.
Histórico de Negativas e a Decisão de Autonomia
Castro detalhou que o governo estadual optou por não pedir ajuda à União desta vez, após três negativas anteriores em solicitações de apoio, incluindo o uso de blindados da Marinha. Ele citou que, em ocasiões anteriores, a utilização de equipamentos federais foi dificultada por questões burocráticas relacionadas à operação por servidores federais. A declaração do presidente da República contra o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) também foi mencionada como um fator para a nova postura.
“Nós já entendemos que a política é de não ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos”, explicou Castro.
O governador reiterou que as solicitações de blindados eram importantes para a logística das operações, dada a capacidade desses veículos de superar barricadas. Ele enfatizou que, apesar das dificuldades, o governo estadual não fez declarações “reclamando chorando”, mas sim buscando soluções autônomas.
Diálogo com o Governo Federal e Futuras Estratégias
Castro informou que manteve contato telefônico com membros do governo federal, incluindo o ministro Rui Costa (Casa Civil), e que aguarda um retorno sobre uma possível reunião no Rio de Janeiro para discutir estratégias conjuntas. A expectativa é que uma definição sobre a participação federal nas ações de segurança ocorra ainda nesta quarta-feira.
“Falei por telefone ontem com alguns membros do governo federal. Pelo que eu sei, eles estão reunidos agora para entender as estratégias deles e eu estou esperando algum contato que finalize a ideia deles de virem ao Rio de Janeiro ainda no dia de hoje. Não sei quem viria e nem que horas que essa pessoa viria”, concluiu.
Fonte: Estadão