O ex-ministro Ciro Gomes assinou nesta quarta-feira (22) sua filiação ao PSDB, marcando um retorno à sigla e sinalizando uma forte articulação para as eleições de 2026 no Ceará. Em seu discurso, Ciro criticou duramente o presidente Lula (PT), o atual governador Elmano de Freitas (PT) e o ministro da Educação, Camilo Santana (PT).




Embora não tenha confirmado explicitamente uma candidatura ao governo estadual, Ciro indicou que sua principal prioridade será a construção de um projeto político robusto no Ceará. Ele relembrou as mágoas das eleições de 2022, alegando ter sido traído, e prometeu empenho para resgatar o estado, declarando enfaticamente: “Pelo Brasil eu morro, mas pelo Ceará eu mato”.
Retorno ao Palco Político Cearense
Aos 67 anos, Ciro Gomes busca retomar seu protagonismo político em seu estado natal. A expectativa, segundo aliados, é que ele se apresente como o principal adversário do governador Elmano de Freitas em 2026, buscando encerrar o ciclo de governos petistas que se iniciou em 2015 com Camilo Santana.

Críticas ao Governo Petista e Aliados
Ciro Gomes direcionou fortes Críticas a Camilo Santana, a quem chamou de “alguém que quer ser dono do Ceará”, prometendo “tirar sua máscara”. O atual governador Elmano de Freitas foi indiretamente chamado de “pau-mandado e frouxo”. A cerimônia de filiação contou com a presença de importantes lideranças da oposição cearense, incluindo o deputado federal bolsonarista André Fernandes (PL) e o ex-deputado Capitão Wagner (União Brasil), ambos antigos adversários de Ciro no estado.
Apesar das divergências políticas nacionais, Ciro destacou a união em torno do “espírito público” para enfrentar o que considera a “destruição do Ceará“. Ele argumentou que a superação das diferenças, mesmo as graves e relacionadas à política nacional, é fundamental para solucionar os problemas do estado.
Alianças e Estratégias para 2026
Ciro Gomes buscou antecipar possíveis críticas à sua aliança com o PSDB, lembrando das próprias alianças de Lula com figuras como José de Alencar e Geraldo Alckmin. André Fernandes, por sua vez, ressaltou a convergência com Ciro e sinalizou apoio à unidade da oposição, expressando o desejo de formar uma chapa única para disputar o Governo do estado.
Ciro também convidou Tasso Jereissati, seu padrinho político, para assumir a presidência estadual do PSDB. Em relação à política nacional, Ciro Gomes criticou o que chamou de “roubalheira generalizada” no governo Lula e considerou irresponsável uma nova candidatura do presidente em 2026. Ele também afirmou que se engajará na reconstrução do PSDB.

Rompimento com Familiares e Adversários
Nos últimos anos, Ciro ampliou suas divergências políticas, inclusive com seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB), com quem está rompido desde 2022. Cid, que apoia a reeleição de Elmano de Freitas, considera uma possível candidatura de Ciro ao governo do estado como “absolutamente constrangedora”. Ciro foi sucinto ao comentar sobre uma possível reaproximação com o irmão: “Sobre o meu irmão, que perguntem a ele”.
Enquanto aliados de Ciro veem sua candidatura como um movimento capaz de agitar o cenário eleitoral cearense, o grupo do governador Elmano de Freitas minimiza o impacto de sua entrada na disputa. Elmano trabalha para ampliar seu arco de alianças, buscando o apoio da federação PP/União Brasil e do PDT.

O evento também marcou a filiação ao PSDB de José Sarto, ex-prefeito de Fortaleza, que concorrerá a deputado federal. O convite para que Ciro assuma a presidência estadual do partido demonstra a importância da sua chegada para a legenda no Ceará.
Fonte: Folha de S.Paulo