Guerra Comercial: Por Que a China Está Vencendo a Disputa com os EUA

A China está vencendo a guerra comercial contra os EUA. Entenda a estratégia chinesa, as retaliações e a construção de uma nova ordem global.
China vencendo guerra comercial — foto ilustrativa China vencendo guerra comercial — foto ilustrativa

A relação entre Estados Unidos e China atinge um ponto crítico, com encontros entre Donald Trump e Xi Jinping incertos e trocas de acusações e sanções. Enquanto os EUA impõem restrições tecnológicas e ameaçam com tarifas, a China responde com sanções e controles sobre terras raras. Uma comunicação deficiente marca o atual cenário de tensão comercial.

Apesar de a Casa Branca acreditar em uma vantagem americana nesta disputa, a realidade aponta para um cenário distinto: a China está, de fato, vencendo a guerra comercial. O país asiático demonstrou capacidade de escalar e retaliar com eficácia, impondo suas próprias regras comerciais extraterritoriais e remodelando a economia global.

A Estratégia de Trump e a Resposta Chinesa

A política de Donald Trump em relação à China, durante seu mandato, focou em intensificar a pressão comercial. A estratégia incluía o aumento de tarifas, controles sobre exportações de alta tecnologia e o uso de sanções, com o objetivo de enfraquecer a indústria chinesa, obter concessões e retardar o avanço tecnológico do país. Alguns membros da equipe de Trump vislumbravam um “grande acordo” que levaria a reformas no capitalismo de estado chinês.

Contudo, após seis meses de escalada na pressão, a China demonstra maior resiliência. O país asiático provou ser capaz de resistir à coerção americana e retaliar habilmente, em um movimento conhecido como “domínio escalonado”. A recuperação do mercado de ações chinês, que apresentou alta de 34% em dólares neste ano, superando o índice S&P 500, contrasta com a narrativa de fraqueza propagada por alguns.

A capacidade de retaliação da China ficou evidente após a imposição de tarifas americanas sobre navios chineses, que foi respondida com taxas portuárias próprias. Além disso, ameaças de investigações antitruste visam pressionar empresas americanas como DuPont, Google, Nvidia e Qualcomm. A Suspensão da compra de soja americana, um mercado de US$ 12 bilhões, impacta um bloco eleitoral valorizado por Trump.

China: Construindo uma Nova Ordem Comercial

Em meio às retaliações, a China avança no desenvolvimento de um novo conjunto de normas comerciais globais. O país busca estabelecer um sistema liderado por si, que rivalize com o império de tarifas de Trump e se proponha a reconstruir a ordem comercial mundial. Essa nova abordagem busca reduzir a dependência de insumos estrangeiros e, ao mesmo tempo, tornar a China indispensável nas cadeias de suprimentos globais.

A geografia do comércio chinês já se alterou significativamente: enquanto as exportações para os Estados Unidos caíram 27%, as exportações gerais de bens cresceram mais de 8% no ano até setembro. A dominação chinesa em mercados como o de terras raras demonstra seu poder de influenciar cadeias de suprimentos ocidentais e estabelecer um sistema de Licenciamento global, inspirando o modelo americano de controle da indústria de semicondutores.

The Economist
Análise da The Economist sobre a guerra comercial entre China e EUA.

Fortalecimento Interno e Riscos Futuros

A guerra comercial, paradoxalmente, fortaleceu Xi Jinping e o Partido Comunista Chinês. Apesar dos desafios internos, como a crise imobiliária, o consumo retraído e o excesso de capacidade industrial, a retórica de Trump justificou o projeto de Xi de preparar a China para um cenário mundial hostil, consolidando-a como superpotência tecnoindustrial. O novo plano quinquenal chinês deve reforçar essa abordagem tecnonacionalista.

No entanto, o futuro da guerra comercial apresenta incertezas. O redirecionamento de exportações pode levar outros países a impor tarifas, e o sistema de licenciamento chinês pode gerar complexidade burocrática. O uso do poder econômico como arma é arriscado, e a dependência de outros países pode impulsionar a diversificação e a inovação.

Um eventual encontro entre Trump e Xi pode ser utilizado para uma desescalada tática, com possíveis acordos sobre tarifas, controles de terras raras, compras de soja e a venda do TikTok. Contudo, a perspectiva real é de gigantes econômicos armando seus poderes, em um cenário onde o recuo do livre comércio prejudica a todos.

Fonte: Estadão

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