China usa terras raras contra Trump e abala trégua comercial com EUA

China restringe terras raras, arma estratégica contra Trump, abalando trégua comercial. Entenda o impacto na economia global e nas negociações EUA-China.
terras raras China Trump — foto ilustrativa terras raras China Trump — foto ilustrativa

A China publicou um comunicado que abalou a trégua comercial com os Estados Unidos. O documento, intitulado “Anúncio nº 62 de 2025”, detalha amplas restrições às exportações de terras raras, reforçando o controle de Pequim sobre o fornecimento global desses minerais essenciais.

As terras raras, um grupo de 17 elementos químicos como neodímio, lantânio, ítrio e cério, são cruciais para a fabricação de tecnologias de ponta, desde smartphones e carros elétricos até equipamentos militares. Um caça F-35, por exemplo, necessita de mais de 400 quilos desses elementos em seus componentes. Pelas novas regras, empresas estrangeiras necessitarão de autorização do Governo chinês para exportar produtos com terras raras e deverão declarar seu uso.

Guerra Comercial: Resposta Americana

Em resposta, o presidente americano Donald Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses e implementar controles de exportação em softwares estratégicos. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, declarou que a China apontou uma “bazuca” para as cadeias de suprimentos globais, algo que os EUA não permitirão.

A China, por sua vez, acusou os EUA de “provocarem deliberadamente desentendimentos e pânico desnecessário”. Um porta-voz do Ministério do Comércio chinês afirmou que pedidos de licença de exportação com fins civis serão aprovados.

Mina de terras raras na China
Mina de terras raras na China.

Impacto na Negociação e Domínio Chinês

Especialistas avaliam que as restrições às terras raras conferirão vantagem à China nas negociações. Naoise McDonagh, professor de negócios internacionais, aponta que o momento frustrou o cronograma de negociações americanas. As exportações chinesas de terras raras compõem cerca de 70% do fornecimento mundial, segundo Natasha Jha Bhaskar, da consultoria Newland Global Group.

A China tem investido fortemente em sua posição dominante no processamento de terras raras, com uma rede de pesquisa e desenvolvimento avançada. Embora EUA e aliados invistam para reduzir a dependência, eles ainda estão distantes de atingir esse objetivo.

Reservas Globais e Potencial Brasileiro

A Austrália, com grandes reservas, é vista como rival, mas sua infraestrutura de produção ainda é incipiente. Marina Zhang, da Universidade de Tecnologia de Sydney, estima que levará pelo menos cinco anos para que EUA e aliados alcancem a China em processamento. O Brasil detém até 23% das reservas conhecidas de terras raras, mas sua produção é inferior a 1%, devido a desafios ambientais e de infraestrutura, especialmente em áreas como a Amazônia.

A extração de terras raras é complexa e arriscada, frequentemente associada a elementos radioativos e ao uso de produtos químicos tóxicos.

Minério de terra rara em porto na China.
Minério de terra rara em porto na China.

Estratégias e Perspectivas Futuras

As novas medidas chinesas expandem restrições anteriores que já haviam gerado escassez. Apesar de representarem uma parcela mínima do PIB chinês, o valor estratégico das terras raras é “enorme”, conferindo à China poder de pressão. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, destacou a necessidade de comunicação efetiva para resolver divergências e promover relações estáveis entre China e EUA.

Especialistas consideram as ações chinesas como forma de “organizar suas peças antes das negociações comerciais”. A China encontrou “seu melhor instrumento imediato” para pressionar Washington. Os EUA, por sua vez, podem oferecer redução de tarifas ou impor novas restrições comerciais, visando dificultar o avanço do setor tecnológico chinês, como já fizeram com semicondutores avançados. No entanto, analistas preveem que tais medidas possam desacelerar, mas não paralisar completamente a China, que demonstrou disposição em enfrentar dificuldades em prol de seus objetivos de longo prazo.

Fonte: G1

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