Em setembro, a China consolidou sua posição como principal parceiro comercial da Argentina, superando o Brasil. Este cenário, que não era visto desde novembro de 2022, foi impulsionado pela liberação temporária das retenções do agronegócio, incentivando vendas significativas de soja para o Mercado chinês, segundo análise de especialistas.

Os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) indicam que o país asiático representou 15,9% do total das exportações argentinas, totalizando US$ 1,293 bilhão. Em contrapartida, o Brasil ficou em segundo lugar, com 14,4% e US$ 1,170 bilhão. Nas importações, a China também liderou, respondendo por 25,2% (US$ 1,816 bilhão), enquanto o Brasil representou 23,9% (US$ 1,722 bilhão).
A corrente de comércio total com a China atingiu US$ 3,10 bilhões, enquanto com o Brasil somou US$ 2,892 bilhões, evidenciando a crescente importância da Parceria asiática para a economia argentina.

Impacto das Exportações Agrícolas
A ascensão da China como principal parceiro comercial reflete um aumento expressivo de 201,7% nas exportações argentinas para o país asiático em setembro, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento contrasta com uma queda de 11,1% nas exportações para o Brasil na mesma base de comparação.
As vendas para o mercado brasileiro registraram uma retração de US$ 146 milhões em setembro. A principal causa foram as menores exportações de manufaturados industriais, com destaque para a redução na venda de veículos de carga, trigo, centeio e carros de passeio.
Por outro lado, as importações argentinas de produtos brasileiros apresentaram um aumento de 12,5% em setembro, se comparado ao mesmo mês de 2022. Os itens que mais impulsionaram essa alta foram carros de passeio, tratores, semirreboques e veículos de carga, demonstrando a resiliência de certos setores na relação bilateral.
Reorientação Estratégica da Argentina
A estratégia da Argentina de priorizar as vendas para a China pode ser vista como uma resposta às necessidades de divisas estrangeiras e à busca por melhores condições comerciais. A flexibilização das retenções para o agronegócio abriu uma janela de oportunidade para escoar a safra, e o mercado chinês mostrou-se receptivo.
Analistas apontam que essa mudança pode ter implicações de longo prazo na estrutura de comércio exterior da Argentina. A dependência crescente de um único grande parceiro comercial como a China pode trazer benefícios a curto prazo, mas também levanta questões sobre a diversificação e a resiliência econômica do país.
Especialistas sugerem que a Argentina precisa monitorar de perto a dinâmica de suas relações comerciais, buscando equilibrar as oportunidades com os riscos. A busca por novos mercados e a manutenção de parcerias estratégicas com países como o Brasil são fundamentais para uma economia mais robusta e diversificada.
Fonte: InfoMoney