As novas restrições de exportação da China, abrangendo desde automóveis e chips até tanques e caças, sinalizam um esforço estratégico para controlar o comércio global e intensificam uma disputa comercial que já opõe Pequim aos Estados Unidos e à Europa. Essas regulamentações, com implementação escalonada a partir de 8 de novembro e 1º de dezembro, visam consolidar a influência chinesa sobre manufaturas Críticas em um cenário internacional de crescentes tensões comerciais.
Restrições Abrangentes e Impacto Geopolítico
As novas regras superam as restrições impostas em abril à exportação de metais de terras raras e ímãs derivados. Em anúncios recentes, a China estendeu suas proibições a motores elétricos, chips de computador e outros componentes essenciais para a vida moderna, intensificando o controle sobre cadeias produtivas globais. Particularmente preocupante para o Ocidente é a proibição de exportação de materiais para uso em equipamentos militares, afetando o fornecimento de armas para a Ucrânia e a reconstrução das defesas europeias frente à Agressão russa.
Jay Truesdale, diretor executivo da TD International, comentou que “Entramos em uma nova fase do conflito econômico”, evidenciando a gravidade da situação. A decisão de Pequim em restringir materiais para uso militar tem uma forte ressonância geopolítica, especialmente na Europa, que busca fortalecer suas defesas contra a Rússia. Especialistas veem essas ações como uma resposta à irritação de Pequim com as tarifas da União Europeia sobre veículos elétricos chineses.
Impacto na Indústria Automotiva e Setores Tecnológicos
Após a indústria de Defesa, o setor automotivo global se apresenta como o segundo mais vulnerável. Milhares de empresas que produzem peças automotivas já enfrentam dificuldades com a exigência chinesa de licenças para ímãs de terras raras. Um único carro pode conter mais de 40 ímãs de terras raras em diversos sistemas, e veículos elétricos demandam ainda mais desses componentes.
Fabricantes americanos e europeus de autopeças têm reportado atrasos significativos na obtenção de licenças de exportação. Embora a China tenha começado a emitir algumas, o processo é descrito como lento e complexo. A China adaptou suas regulamentações de terras raras aos moldes das regras americanas para chips de computador, mas o uso de terras raras é significativamente mais amplo.
Muitas fabricantes contornavam as restrições adquirindo motores elétricos completos da China. No entanto, as novas regulamentações podem inviabilizar essa estratégia, pois abrangem produtos onde metais raros representam 0,1% ou mais do valor, incluindo componentes cruciais como os motores de ajuste de assentos automotivos.
Novas Regulamentações e a Influência Chinesa
As novas regulamentações exigem que empresas não envolvidas na fabricação de armas obtenham licenças de exportação do Ministério do Comércio da China para transações internacionais de produtos com conteúdo chinês. Esse procedimento exige a apresentação de desenhos técnicos e a descrição de como os produtos circularão pelas cadeias de suprimentos globais.
Essas medidas consolidam a posição da China como um player dominante na produção de materiais essenciais, permitindo-lhe exercer maior influência sobre o comércio global e as decisões geopolíticas de outras nações. A extensão e a natureza das restrições podem reconfigurar cadeias de valor e forçar países a buscar alternativas de suprimento, um desafio considerável dada a dependência atual.
Fonte: Estadão