A China respondeu com ações firmes e pragmáticas aos ataques comerciais dos Estados Unidos, demonstrando resiliência e buscando ativamente reescrever as regras do comércio mundial. O país transformou a guerra de tarifas em uma demonstração de poder, consolidando sua influência global.
Enquanto Washington intensifica tarifas, sanções e controles sobre setores como chips e terras raras, Pequim não recuou. Ao contrário, adotou Arsenal semelhante, criou listas de entidades consideradas “não confiáveis” e reforçou sua política industrial. Essa abordagem consolidou o que a publicação The Economist denominou de “nova arquitetura do comércio global”.
Simetria Regulatória Chinesa
Contrariando expectativas de recuo, a China estabeleceu um regime simétrico de não submissão. O país restringiu a venda de insumos críticos e aumentou os controles de exportação sobre minerais estratégicos. Essa “simetria regulatória” demonstra a capacidade chinesa de jogar com as mesmas regras, com potencial para sustentá-las a longo prazo.
A guerra tarifária iniciada pelos EUA levou algumas indústrias a se deslocarem da China para países como Vietnã, Malásia e México, no fenômeno conhecido como “China Plus One”. No entanto, as cadeias de suprimento globais mantêm uma forte dependência de componentes, capital e engenharia chineses. Mesmo que as mercadorias não ostentem mais o rótulo chinês, seu DNA produtivo permanece intrinsecamente ligado à China.
Normas Técnicas e Impacto nas Empresas Estrangeiras
O Governo chinês implementou diversas normas relacionadas a padrões técnicos, segurança de dados e licenças de exportação, impactando significativamente as empresas estrangeiras operando em seu território. De forma surpreendente para os estrategistas americanos, a guerra comercial não resultou em crises políticas internas nem em desorganização industrial na China.
Efeitos da Escalada Tarifária
A escalada tarifária alcançou níveis recordes, mas o resultado foi um aumento generalizado de preços, gargalos logísticos e prejuízos para empresas em ambos os lados. A estratégia chinesa, contudo, permaneceu inalterada. Os controles sobre gálio, germânio e antimônio afetaram cadeias de suprimento de chips, energia e Defesa, com parte do fluxo sendo redirecionada por hubs europeus.
Terras Raras e Dependência Global
Uma resposta parcial veio com o recente acordo entre EUA e Austrália sobre terras raras, numa tentativa de mitigar a dependência da China. Apesar de investimentos bilionários, o domínio chinês no refino e na produção de ímãs – componentes essenciais para tecnologias verdes e militares – permanece robusto.
Influência Chinesa no Comércio Mundial
Seis anos após o início da ofensiva americana sob o governo Trump, a China não foi isolada. Pelo contrário, o país reorganizou suas cadeias de valor, ampliou sua influência sobre nações intermediárias e dita padrões regulatórios que o Ocidente agora precisa seguir para manter o Acesso ao seu vasto mercado. A galáxia comercial continua girando em torno de Pequim.
Fonte: Estadão