O principal evento da semana passada foi o acordo firmado entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Este pacto marca a aceitação definitiva da China como uma potência de porte igual aos Estados Unidos no cenário global. Segundo o Prof. Zhao Minghao, em análise para o Financial Times, a reunião representa apenas uma pausa tática na disputa entre as nações, sem qualquer alteração estratégica em suas políticas e visões de mundo. A Luta pela hegemonia em suas esferas de influência e na arena internacional prosseguirá intensamente.
O controle rigoroso da oferta de minerais de terras raras pela China forçou os Estados Unidos a buscar negociações. Esta foi a terceira vez que as partes se reuniram desde o lançamento, por Trump, da primeira tarifa massiva em 2 de abril. A paralisação das compras de soja americana, embora não tenha sido o ponto central, também teve um peso significativo, dado o poder da bancada ruralista nos dois países.
O fato de Trump ter agendado uma viagem a Xangai antes que Xi Jinping fizesse o mesmo em sentido inverso demonstra a necessidade de Trump em manter o acordo. Isso também evidencia uma vantagem do Império do Meio na disputa comercial, fortalecida pela redução de sua dependência direta do mercado americano. Atualmente, os EUA representam apenas 10% das exportações chinesas, e a China tem aumentado seu volume total de exportações globais.
Com o acordo firmado, a China comprometeu-se a adquirir 12 milhões de toneladas de soja ainda este ano e 25 milhões de toneladas entre 2026 e 2028. É importante notar que, entre 2021 e 2022, os EUA exportaram pouco mais de 30 milhões de toneladas anualmente, com uma média de 23 milhões em 2023-2024. Nesse período, o Brasil consolidou sua posição, vendendo quase 80 milhões de toneladas anuais. Portanto, os EUA retornarão apenas no próximo ano à sua posição recente, enquanto o Brasil mantém a vantagem acumulada desde o primeiro governo Trump.
A ameaça à posição brasileira que muitos antecipavam não se materializou.
Conforme apontou Ian Bremmer, da Eurásia Group, a abordagem bruta e volátil de Trump na política comercial torna os EUA um parceiro pouco confiável. Estrategicamente, países buscam evitar a dependência de importações essenciais, como alimentos, de parceiros imprevisíveis.
Uma das maiores vantagens do Brasil, como já destacado em outras análises, é sua confiabilidade como fornecedor, além da competitividade em diversas áreas de recursos naturais.
Reforma do Setor Elétrico
Em outra frente, o Congresso Nacional aprovou uma reforma do setor elétrico que inclui subsídios considerados vergonhosos por alguns analistas. A medida visa reestruturar o setor, mas as críticas apontam para possíveis distorções de mercado.
Fonte: Estadão