CEO da Stellantis prevê que China dominará montadoras europeias

Ex-CEO da Stellantis prevê que montadoras chinesas comprarão a maioria das empresas europeias nos próximos 15 anos, citando pressões regulatórias e de mercado.
China dominará montadoras europeias — foto ilustrativa China dominará montadoras europeias — foto ilustrativa

O ex-CEO da Stellantis, Carlos Tavares, alertou que as montadoras chinesas estão posicionadas para se tornarem as “salvadoras” de fábricas e empregos na Europa, prevendo uma consolidação que poderá levar ao fim de alguns fabricantes ocidentais nos próximos 10 a 15 anos.

Pressões sobre a indústria automotiva europeia

Tavares destacou que grupos automotivos europeus enfrentam um cenário desafiador devido a regulamentações rigorosas de emissões, conflitos comerciais globais e a volátil transição para carros elétricos. Nesse contexto, as empresas chinesas ganham força.

Segundo o ex-executivo, a entrada agressiva das montadoras chinesas no Mercado europeu, através de aquisições de participação ou compra de fábricas em dificuldades, se intensificará. “No dia em que uma montadora ocidental estiver em sérias dificuldades, com fábricas à beira do fechamento e manifestações nas ruas, uma montadora chinesa virá e dirá ‘eu assumo e mantenho os empregos’, e serão considerados salvadores”, disse Tavares ao Financial Times.

Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, prevê aquisições chinesas de montadoras europeias.
Carlos Tavares prevê forte presença chinesa na indústria automotiva europeia.

Parceria com Leapmotor e ambições chinesas

Carlos Tavares, 67 anos, firmou um acordo estratégico com a Leapmotor, fabricante chinesa, adquirindo 20% de suas ações e auxiliando na sua expansão Internacional. O executivo admitiu que a Leapmotor possui motivações claras para essa colaboração: “A razão é simples, é que eles querem nos engolir algum dia”, revelou, mencionando ter sido contatado por diversas empresas chinesas interessadas em seus negócios.

Marcas como BYD e outras chinesas têm expandido rapidamente sua presença em mercados como o Reino Unido e outros países europeus, oferecendo veículos elétricos e híbridos com preços competitivos e tecnologia avançada, mesmo diante de tarifas de importação elevadas impostas pela União Europeia.

Desafios e transição para veículos elétricos

A saída de Tavares da Stellantis, grupo que ajudou a formar em 2021 através de uma fusão de US$ 50 bilhões entre a francesa PSA e a italiana Fiat, ocorreu em meio a uma queda nas vendas tanto na Europa quanto nos EUA. Essa situação reflete os debates intensos sobre a transição para veículos elétricos, com alguns fabricantes adiando o processo devido aos altos Custos e a um possível ressurgimento dos veículos a gasolina nos Estados Unidos.

O executivo português criticou as políticas da União Europeia, considerando a proibição de motores a combustão interna a partir de 2035 como um desperdício e uma “estupidez”. Ele previu que a UE pode reconsiderar essa decisão, argumentando contra o imobilismo em relação a investimentos massivos que podem se tornar obsoletos.

Futuro da indústria automotiva global

Em suas memórias, Tavares projeta que apenas cinco ou seis montadoras sobreviverão globalmente, citando Toyota, Hyundai, BYD e possivelmente a Geely. Ele também expressou dúvidas sobre o futuro da Stellantis e previu que a Tesla poderá ser superada por rivais chineses. O executivo também comentou sobre a Volkswagen, descrevendo-a como um exemplo de “incapacidade de mudança” na Europa, e a Tesla, que ele acredita ser “completamente ultrapassada pelos fabricantes chineses”.

Tavares afirmou que a Stellantis foi “estrategicamente criada de forma perfeita para a globalização”, mas o conselho da empresa agora precisa avaliar se essa abordagem continua sendo a mais adequada. Ele se mostrou reticente em retornar à indústria automobilística, a menos que tenha uma participação significativa na empresa que venha a dirigir.

Fonte: Folha de S.Paulo

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