Cérebro avalia saúde e sabor de comida em 200 milissegundos

Novo estudo revela que o cérebro avalia a salubridade e o sabor da comida simultaneamente, em cerca de 200 milissegundos, desafiando teorias anteriores.
Cérebro avalia comida — foto ilustrativa Cérebro avalia comida — foto ilustrativa

Cientistas por muito tempo acreditaram que o cérebro avaliava os atributos dos alimentos em uma sequência específica: primeiro o sabor, gratificante de forma imediata, e depois, considerações mais abstratas como o valor nutricional. A ideia era que a questão da saúde exigia um pensamento mais complexo e, por isso, ficava em segundo plano.

No entanto, um novo estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, publicado na revista científica Appetite, contesta essa linha do tempo. Pesquisadores combinaram dados de imagens cerebrais de 110 participantes com avaliações detalhadas de alimentos de outros 421 indivíduos.

Atividade cerebral: Saúde e Apetite em Paralelo

Os resultados indicaram que informações sobre saúde surgiram em sinais cerebrais aproximadamente 195 milissegundos após as pessoas vislumbrarem a comida, com um pico de atividade entre 200 e 227 milissegundos. Ao examinar dimensões mais amplas e múltiplas qualidades relacionadas, a pesquisa revelou que a dimensão “apetitosa”, relacionada ao sabor, também demonstrou processamento precoce em torno de 215 milissegundos. Isso sugere que informações de saúde não exigem tempo extra de processamento.

A equipe de pesquisa utilizou eletroencefalografia (EEG) para medir a atividade cerebral com alta precisão. Os participantes visualizaram imagens de alimentos em uma tela, e após cada imagem desaparecer, respondiam a perguntas como “Saudável?”, “Saboroso?” ou “Gosta de comer?”. Posteriormente, classificaram cada alimento em escalas de salubridade, sabor e disposição para comer.

Pessoa escolhendo entre diferentes tipos de alimentos para avaliar a saudabilidade e o sabor.
Avaliação rápida de alimentos pelo cérebro.

Uma amostra adicional de 421 participantes avaliou um subconjunto de 40 imagens em 12 atributos, que incluíam propriedades nutricionais (saúde, calorias, prontidão para consumo, processamento), propriedades hedônicas (sabor, vontade de comer, valência emocional) e familiaridade (frequência de encontro, reconhecimento).

A seleção estratégica de alimentos, incluindo imagens padrão de frutas, vegetais e salgadinhos, além de opções menos apetitosas e familiares, visou aumentar a variância nas avaliações de sabor e resposta emocional.

Análise da Atividade Cerebral e Decisões

Utilizando a análise de similaridade representacional, os pesquisadores compararam os padrões de atividade cerebral com as avaliações dos alimentos. Quando os padrões elétricos do cérebro correspondiam à estrutura das avaliações humanas para um atributo específico, isso sinalizava que o cérebro estava processando ativamente aquela informação.

Representação visual de diferentes alimentos e seus valores nutricionais e de sabor.
Comparativo de atributos alimentares.

Os atributos alimentares apresentaram padrões de tempo variados. Saudabilidade, conteúdo calórico e nível de processamento mostraram correlações a partir de aproximadamente 195-250 milissegundos. A valência emocional atingiu o pico em torno de 209 milissegundos, com atividade sustentada posterior. Todas as três medidas de familiaridade apresentaram picos iniciais entre 205-213 milissegundos.

Em contrapartida, as avaliações individuais de sabor e disposição para comer apresentaram atividade sustentada apenas a partir de 654-670 milissegundos, sem o pico inicial observado em outros atributos. A janela inicial provavelmente reflete a captura de atenção, enquanto a atividade posterior e sustentada corresponde a uma avaliação mais aprofundada.

Os pesquisadores identificaram duas dimensões amplas que explicam 85,5% da variação total nas avaliações alimentares. A primeira dimensão, “quão apetitoso” o alimento, ligou-se fortemente ao sabor, vontade de comer e familiaridade, apresentando um pico inicial em torno de 215 milissegundos.

Gráfico comparativo da atividade cerebral ao visualizar alimentos saudáveis e saborosos.
Processamento cerebral de diferentes categorias de alimentos.

A segunda dimensão, “quão processado” o alimento é, teve impacto positivo no conteúdo calórico e nível de transformação, e negativo na salubridade. Essa dimensão apresentou atividade sustentada a partir de aproximadamente 150 milissegundos.

A velocidade com que as informações sobre salubridade são registradas contradiz a noção popular de que somos programados para priorizar a gratificação imediata em detrimento da saúde a longo prazo. Teorias anteriores sugeriam que o sabor seria processado com mais facilidade e rapidez do que o valor nutricional.

O que determina nossas escolhas alimentares, portanto, não é a velocidade de Acesso às informações sobre saúde, mas o peso que atribuímos a elas quando atributos concorrentes puxam em direções diferentes. Entender essa dinâmica é crucial para.alimentação saudávele.mercados.

Ilustração representando a tomada de decisão sobre a escolha de alimentos.
A complexidade da decisão entre saúde e prazer.

Fonte: InfoMoney

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