CEO da Kodak: Filho de zelador lidera virada na fábrica

CEO Jim Continenza, filho de zelador, lidera recuperação da Kodak com foco em chão de fábrica e diversificação de produtos. Saiba mais.
CEO da Kodak — foto ilustrativa CEO da Kodak — foto ilustrativa

Jim Continenza, o CEO da Eastman Kodak, adota uma abordagem direta em suas visitas às fábricas, pedindo aos visitantes que retirem seus casacos. Essa atitude reforça sua imagem de “CEO de colarinho azul”, buscando eliminar a distância entre a Liderança e os 4.000 funcionários da empresa.

Continenza expressa satisfação com a interação direta com os trabalhadores: “Quando você caminha por aquela fábrica, são pessoas de colarinho azul, felizes em ver você e conversar com você”, declara. Ele ressalta que a maioria dos funcionários nunca teve a oportunidade de interagir com os CEOs de empresas tradicionais.

A Kodak, que por quase 75 anos integrou o índice Dow Jones, enfrentou um declínio dramático. Em 2012, a empresa entrou com pedido de falência, um reflexo do impacto devastador da tecnologia de smartphones e imagens digitais em seu negócio histórico de filme analógico.

Funcionários da Kodak em linha de produção.
Funcionários trabalhando em uma unidade da Kodak.

A Chegada de um Gestor Inquieto

Jim Continenza, conhecido por sua energia e intolerância à burocracia, assumiu a tarefa de reerguer a Kodak. Nomeado para o conselho por credores, ele se tornou presidente executivo em 2013 e CEO em 2019. Sua visão é colocar a empresa de volta aos trilhos.

Filho de uma costureira e de um zelador que se tornou operador de máquinas na 3M, Continenza difere do perfil dos antigos líderes da Kodak. Como especialista em recuperação de empresas, ele prefere estar no chão de fábrica ou visitando clientes e fornecedores a desfrutar do luxo da suíte executiva.

Continenza afirma que cerca de 80% a 90% da reestruturação da antiga Kodak já foi concluída. Sua carreira inclui passagens por empresas como AT&T e Lucent, onde se dedicou a consertar negócios de tecnologia em dificuldades.

Renegociação de Dívidas e Rumos Futuros

Atualmente, a Kodak foca na redução de sua dívida para níveis administráveis. Após enfrentar dificuldades com obrigações de Aposentadoria de funcionários, a empresa apresentou um novo plano, visando renegociar empréstimos e aliviar seu endividamento.

Continenza espera finalizar a transição dos planos de previdência até o próximo ano, com opções de financiamento disponíveis caso o processo se estenda. Apesar de manchetes especularem sobre um possível fechamento após um alerta de continuidade operacional, Continenza reitera que o plano estratégico exigirá dois anos de execução contínua.

Jim Continenza em evento da Kodak.
CEO Jim Continenza em evento promocional da Kodak.

Embora os materiais de marketing da Kodak enfatizem a construção do futuro com base no patrimônio da marca, o passado recente tem sido um fardo. A empresa, pós-falência, ainda lidava com burocracia excessiva e uma força de trabalho complexa, com 5.000 funcionários e 3.800 títulos de trabalho distintos, o que atrasava decisões e Acesso a informações cruciais de clientes.

Foco em Diversificação e Inovação

Continenza descreve a situação anterior como dirigir um carro com os olhos vendados, onde executivos sêniores precisavam intervir em todas as reuniões. Hoje, a empresa concentra seus esforços em impressão comercial, produção de materiais avançados e produtos químicos.

A divisão de impressão é a única fabricante doméstica de grandes máquinas e chapas de impressão comercial, responsável por uma parcela significativa da Receita. Em outros setores, a Kodak desenvolve revestimentos para baterias, aquecedores transparentes e materiais avançados. Vale notar que o filme analógico vive um renascimento entre consumidores e cineastas, um nicho que a empresa pode explorar.

Detalhe de equipamento de impressão da Kodak.
Equipamento de impressão comercial de alta performance da Kodak.

O estilo de gestão mudou: decisões agora são centralizadas em um grupo de controle de sete executivos, simplificando processos e mantendo a supervisão necessária. Continenza destaca a importância de estar fortemente envolvido nas decisões estratégicas.

Um erro do passado que Continenza faz questão de evitar é a dependência de uma única linha de produtos. A Kodak, que desenvolveu uma câmera digital nos anos 70, não capitalizou a tecnologia, priorizando o filme analógico por muito tempo. Continenza lamenta dias em que viu produtos baseados em patentes de ponta gerarem vendas irrisórias, preferindo ter distribuído o valor investido aos funcionários e acionistas.

A Kodak investe agora em novas linhas de produtos para diversificar. Em seu campus em Rochester, um edifício foi convertido em uma instalação para produção de reagentes, com capacidade adicional disponível para expansão. A marca Kodak, ainda poderosa, é vista como confiável por potenciais compradores, indicando potencial para além do seu apelo retrô.

Continenza demonstra uma resiliência notável, afirmando que se sente mais calmo em situações de crise e inquieto em momentos de calmaria, indicando uma postura proativa contínua para garantir o sucesso da Kodak.

Fonte: Folha de S.Paulo

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