Centrão busca desgastar Lula às vésperas de 2026 com pautas estratégicas

Centrão e oposição buscam desgastar o governo Lula antes de 2026 com pautas estratégicas no Congresso, enquanto o Planalto aposta em temas populares.
desgaste de Lula — foto ilustrativa desgaste de Lula — foto ilustrativa

A oposição e parte do Centrão buscam ampliar o desgaste do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mirando as eleições de 2026. Apesar de impor alguns reveses ao Governo no Congresso, enfrentam dificuldades em barrar temas de apelo popular articulados pelo Palácio do Planalto.

Partidos como PP, União Brasil, Republicanos e PSD, apesar do clima de antagonismo, não conseguem impedir que o presidente avance em pautas que se tornarão bandeiras de campanha. As principais iniciativas governamentais nesta reta final antes do ano eleitoral incluem a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. Ambas possuem alta aceitação, e o Legislativo demonstra preocupação em aprová-las.

Em outras frentes, a tensão se manifesta na tentativa de pressionar o governo a aprovar um Calendário de emendas, o que engessaria a liberação de verbas executivas para os parlamentares. No entanto, líderes do Senado e da Câmara dialogam com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o governo aposta em um acordo para um cronograma de emendas para o próximo ano, sem um calendário formal. Recentemente, o governo obteve mais tempo ao adiar uma sessão de vetos do novo Licenciamento ambiental.

Novas Derrotas podem ocorrer, como a ameaça de desfazer um acordo para que o PT indique o próximo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e a própria derrubada dos vetos do licenciamento. Contudo, esses temas não são considerados essenciais para o projeto de reeleição de Lula.

Atualmente, o assunto mais complexo é a votação do Orçamento, travada pela falta de medidas para cumprir a meta fiscal. A derrota do governo na MP alternativa ao aumento do Imposto sobre Transações Financeiras (IOF), que revia isenções, levou a equipe econômica a articular novas medidas nesse sentido. A expectativa é que sejam enviados projetos de lei com parte das iniciativas da MP, exigindo nova Rodada de negociação com o Congresso. Apesar das dificuldades previstas, governistas confiam em um acordo para a aprovação do Orçamento até o final do ano.

O Estratégia do Centrão para Desgastar o Governo

A avaliação de parlamentares de centro é que a proximidade das eleições facilita a articulação do governo, pois congressistas veem a chance de capitalizar em cima de temas populares para suas campanhas. O líder do PSD no Senado, Omar Aziz (AM), comentou: “Menos de um ano para a eleição, o que vai acontecer? Se o Congresso decidir votar matérias de relevância para a população brasileira, as pessoas vão tomar conhecimento. Começou a ser pago o vale-gás. Isso chega em várias famílias, não é uma coisa pequena. São movimentos que vão se consolidando. O pessoal está cansado desse negócio de extremismo”.

Até mesmo uma ala da oposição percebe facilidade nas articulações contra o governo. A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) afirmou: “O Lula fala mal do Congresso, incita a militância para falar ‘Congresso inimigo do povo’ e eles ainda passam todo pacote eleitoral que ele quer. Está bom demais para ele”.

Presidente Lula participa de cúpula da ASEAN.
Presidente Lula participa de cúpula da ASEAN.

Apesar do momento favorável, o governo petista enfrenta problemas de articulação em outra frente. Grande parte dos partidos fora da esquerda resiste a integrar formalmente a coligação de Lula. Do outro lado, o PL de Jair Bolsonaro conversa com legendas do Centrão para unificar candidaturas. O nome mais cotado para representar esse campo é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já se articulou com dirigentes partidários no Congresso para desgastar Lula.

Impacto Fiscal e Orçamentário na Cena Política

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) destacou os desafios: “A derrota (da MP do IOF) foi fragorosa. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) está parada. O PLOA (lei orçamentária) é uma fantasia. Hoje mesmo não se conseguiu votar o PL do tarifaço, pois o governo sabia que não tinha os votos. Por outro lado, projetos como o do IR têm apelo popular e por isso avançam. A sessão do Congresso da semana passada foi suspensa porque os vetos seriam derrubados. Portanto, existe um perde e ganha”.

Do lado governista, o plano é contar com os 68 deputados que não participaram da votação da MP alternativa ao IOF. Cargos indicados por esse grupo não estão no foco do pente-fino do Planalto, que visa os 251 que votaram contra a medida. O governo também abriu a porta para deputados arrependidos de terem votado contra a MP e que agora se comprometam a apoiá-lo. Assessores de Lula descartam grandes prejuízos na relação com o Congresso devido à retirada de cargos de indicados por deputados que votaram contra a MP.

Detalhe da cúpula da ASEAN com líderes mundiais.
Detalhe da cúpula da ASEAN com líderes mundiais.

Entre os temas de interesse do governo que ainda dependem do aval parlamentar está a medida provisória do programa Gás do Povo, que deve beneficiar 15,5 milhões de famílias. O Planalto aposta no apelo popular para que, mesmo parlamentares insatisfeitos, votem a favor. A equipe de articulação política acredita que os congressistas não poderão adiar a aprovação do Orçamento este ano, pois isso pode prejudicar o pagamento de emendas em ano eleitoral.

O governo também espera a aprovação da PEC da Segurança Pública, que amplia a participação federal no combate a organizações criminosas, mas o texto já enfrenta resistências da oposição e de alas do Centrão. Alguns setores já veem com pessimismo a possibilidade de aprovação. Ainda que haja dificuldades em impor derrotas, a oposição e parte do Centrão apostam no discurso do aumento de impostos para tentar desgastar o governo. O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), declarou: “Toda vez que o governo quiser furar o arcabouço fiscal, que ele próprio editou mas não respeita, estaremos ao lado da responsabilidade fiscal. Toda vez que o governo quiser aumentar impostos sobre a sociedade estaremos no campo oposto e ao lado do contribuinte e do empreendedor médio, já muito sacrificado”.

Fonte: InfoMoney

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