Brasília – Em uma reunião tensa, a Executiva Nacional do União Brasil decidiu suspender o ministro do Turismo, Celso Sabino, de suas funções partidárias. Um processo disciplinar será mantido contra ele na Comissão de Ética da legenda, mas Sabino não será expulso sumariamente. Ele também foi destituído da presidência do União Brasil no Pará, que sofrerá intervenção.
A decisão ocorreu após Sabino optar por permanecer no Governo do presidente Lula, contrariando a orientação do comando do partido. A legenda havia dado um ultimato para que todos os filiados deixassem os cargos no Executivo. Contudo, o ministro garantiu uma sobrevida, evitando a desfiliação imediata e a perda do mandato de deputado federal, do qual está licenciado. O processo na Comissão de Ética pode levar até 60 dias para ser concluído.
“É o Dia do Fico”, declarou Sabino. “Pelo bem do turismo, dos serviços, pelo bem do povo do Pará, vou permanecer no governo. Fico ao lado do presidente Lula por entender que é a melhor opção para o Brasil”, afirmou.
Na avaliação do ministro, o União Brasil agiu de forma “açodada” ao decidir deixar o governo para apoiar outra candidatura ao Palácio do Planalto em 2026. A maior parte do Centrão, bloco que integra o União Brasil, deseja que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja o desafiante de Lula no próximo pleito.
COP-30 e Dividendo Eleitoral
Pré-candidato a uma vaga no Senado pelo Pará, Sabino busca capitalizar a realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30), em novembro, como plataforma eleitoral, ao lado de Lula. “Nós estamos a 30 dias da realização da COP-30, a maior reunião diplomática que existe no planeta. Eu não vejo como oportuno que a gente tenha uma interrupção no trabalho que vem sendo feito”, argumentou o ministro do Turismo.
Alinhamento com PP e Críticas Internas
As divergências internas se refletiram em outros ministérios. O titular do esporte, André Fufuca, também desobedeceu sua sigla, o PP, e optou por continuar no governo Lula, sendo posteriormente afastado do comando da legenda. O União Brasil e o PP formam a federação União Progressista, que anunciou a saída do governo no início do mês. Até o momento, contudo, todos os indicados por ambas as siglas permanecem em suas pastas.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), defendia a expulsão sumária de Sabino, mas sua posição foi vencida. “É imoral querer ser soldado do Lula e do União Brasil”, criticou Caiado, que também almeja disputar a presidência em 2026. “É algo de uma imoralidade ímpar.”
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Fonte: Estadão