O mundo do Futebol atrai cada vez mais o interesse de celebridades globais, que veem nos clubes não apenas paixão esportiva, mas também oportunidades de marketing e legado. Nomes como Snoop Dogg, Ryan Reynolds, Michael B. Jordan e Ed Sheeran agora figuram como proprietários ou investidores em times, transformando a dinâmica do esporte.
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No Brasil, o cenário também reflete essa tendência. A cantora Kelly Key fundou o Kiala FC, em Angola, com o objetivo de formar e exportar jovens talentos. Já o rapper L7nnon está em processo de se tornar um dos proprietários do Olaria, clube tradicional do Rio de Janeiro.
O exemplo do Wrexham AFC, clube do País de Gales adquirido pelos atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney, ilustra o potencial dessa união entre entretenimento e esporte. Desde a compra em 2021, o clube ascendeu três divisões, atraiu reconhecimento internacional através da série documental “Welcome to Wrexham”, e impulsionou o turismo local em cerca de 50%.
O aumento do turismo em Wrexham, com um crescimento de 6,3% em 2024, demonstra o impacto econômico direto desses investimentos. A cidade, que antes passava despercebida, hoje atrai visitantes de todo o mundo, movimentando milhões de libras anualmente e impulsionando a economia regional.
A popularidade do Wrexham AFC se traduziu em sucesso comercial, com suas camisas figurando entre as mais vendidas do Reino Unido e seus produtos conquistando mercados internacionais. Esse fenômeno evidencia como celebridades podem alavancar a visibilidade e a Receita de clubes, mesmo os de menor porte.
Novas Lógicas de Investimento Esportivo
Diferentemente de investimentos anteriores, como o de Elton John no Watford FC nos anos 70, o interesse atual das celebridades é multifacetado. Embora a paixão pelo esporte permaneça, os clubes são agora vistos como plataformas de mídia e entretenimento, capazes de gerar receita através de direitos de imagem, publicidade e conteúdo digital.
Empresas como a OutField, especializada em investimentos esportivos, e a Oakberry, conhecida por seu açaí, têm liderado iniciativas como a gestão do Le Mans FC na França, reunindo investidores como o ex-piloto Felipe Massa e o tenista Novak Djokovic. O objetivo é transformar clubes em marcas globais associadas a performance e inovação.
Nos Estados Unidos, o Angel City FC, cofundado pela atriz Natalie Portman, exemplifica a união entre propósito e performance. Avaliado em US$ 250 milhões, o clube feminino destina 10% de suas receitas de patrocínio a programas sociais, demonstrando um modelo de gestão com forte componente social.
Riscos e Oportunidades no Mercado
Apesar do potencial de crescimento, a entrada de celebridades no futebol também apresenta riscos. Rodrigo Capelo, especialista em gestão esportiva, alerta para o perigo de investidores que veem o clube como um mero “brinquedo”, sem compromisso com a sustentabilidade do negócio. A falta de uma gestão sólida pode levar ao abandono e a consequências negativas para o clube.
No entanto, Capelo também ressalta que a influência do entretenimento no esporte é limitada diante do universo de clubes existentes. A necessidade de vitórias em campo para manter a sustentabilidade dos projetos garante que o foco no esporte não seja suplantado.
A desigualdade financeira entre clubes e ligas é um problema estrutural no futebol, e os investimentos de celebridades, embora possam gerar impacto localizado, não devem agravar essa disparidade em larga escala.
O Cenário Brasileiro de SAFs
No Brasil, a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em 2021 abriu caminho para a profissionalização e atração de capital privado. Este modelo, inspirado no europeu, permite que clubes operem como empresas, atraindo investidores e equilibrando finanças.
O investimento inicial no Wrexham AFC, cerca de 2 milhões de libras, contrasta com o potencial do mercado brasileiro. A estrutura consolidada de divisões na Inglaterra facilita investimentos relativamente baixos para clubes de categorias inferiores, com grande potencial de valorização.
Embora a participação de celebridades brasileiras em clubes ainda seja tímida, o interesse é crescente. O cantor Gusttavo Lima tornou-se sócio do Atlético Clube de Paranavaí, e o rapper L7nnon negocia a compra do Olaria. O objetivo é desenvolver talentos e, em alguns casos, promover iniciativas sociais, como planeja L7nnon nas comunidades próximas ao Olaria.
Para Pedro Oliveira, da OutField, o Brasil tem um horizonte otimista, mas enfrenta o desafio de desenvolver recursos humanos qualificados para a gestão esportiva. A atração de executivos com experiência em multinacionais é vista como crucial para a consolidação do mercado.
A cantora Kelly Key e seu marido, Mico Freitas, investem no Kiala FC em Angola, com o objetivo de formar atletas e posicionar o clube como referência em gestão esportiva e impacto social. O projeto atende cerca de 70 jovens, oferecendo formação esportiva, educacional e acompanhamento.
Fonte: G1
