A mera sugestão de Donald Trump de aumentar as importações de carne bovina da Argentina já está gerando impactos negativos no mercado de gado dos Estados Unidos. Segundo John Newton, vice-presidente de Políticas Públicas e Análise Econômica da American Farm Bureau Federation (AFBF), o mercado futuro registrou quedas por três semanas consecutivas, dificultando o gerenciamento de riscos pelos pecuaristas americanos.

Reação do setor pecuário americano
Newton destacou que o setor de gado é um dos pilares da economia agrícola atual. Ele alertou que a ideia de importar carne bovina com o objetivo de reduzir preços pode ser prejudicial à renda dos produtores. Excluindo o apoio federal, a renda agrícola líquida caiu, e as receitas em dinheiro das fazendas diminuíram em US$ 71 bilhões nos últimos três anos. O segmento de gado é, portanto, crucial para sustentar a economia agrícola.
Incerteza e risco para produtores rurais
O especialista advertiu que tentar reduzir os preços da carne bovina em um momento em que o setor de gado é o principal suporte da economia rural americana cria um cenário de incerteza. Isso é especialmente preocupante, pois os produtores rurais estão começando a planejar a recomposição de seus rebanhos. A proposta de importação, segundo Newton, seria um “golpe duplo” que a economia agrícola não pode suportar.
Preocupações com autossuficiência e preços
Zippy Duvall, presidente da AFBF, expressou preocupação com a proposta de Trump, ressaltando que muitos pecuaristas americanos enfrentam dificuldades financeiras. Ele afirmou que a queda nos preços do gado é indesejada em um ambiente rural já pressionado. Duvall alertou que a importação em larga escala pode comprometer a autossuficiência alimentar dos EUA e desestimular a expansão do rebanho doméstico. A National Cattlemen’s Beef Association (NCBA) também criticou a iniciativa, citando riscos sanitários relacionados à Argentina e questionando se a medida realmente resultaria em redução de preços ao consumidor. A AFBF enfatiza a importância de considerar os impactos sobre os produtores domésticos em qualquer negociação de importação de carne bovina.
Fonte: Estadão