Carlos Bolsonaro: Candidatura ao Senado em SC divide direita e afeta planos

Candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado em SC gera impasse e divide a direita, afetando planos de Mello, Amin e de Toni. Saiba mais.
Carlos Bolsonaro em evento político em Santa Catarina, discutindo sua pré-candidatura ao Senado. Carlos Bolsonaro em evento político em Santa Catarina, discutindo sua pré-candidatura ao Senado.

A pré-candidatura de Carlos Bolsonaro (PL) ao Senado por Santa Catarina gerou um impasse significativo para a direita no estado, desarticulando os planos de políticos que já visavam as duas vagas na Casa Alta em 2026. O cenário desafia o desenho eleitoral do governador Jorginho Mello (PL) e complica as aspirações do senador Esperidião Amin (PP) e da deputada federal Caroline de Toni (PL), dada a forte base conservadora catarinense.

A intenção de Carlos Bolsonaro em disputar uma vaga no Senado em Santa Catarina já era especulada desde meados de 2025, após intensificar sua agenda na região. O vereador do Rio de Janeiro tem sido um dos porta-vozes do PL no estado, participando ativamente de eventos como o seminário itinerante “Rota 22” e manifestações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A confirmação de sua pré-candidatura ocorreu em outubro, via redes sociais.

Carlos Bolsonaro em evento político em Santa Catarina.
Carlos Bolsonaro intensifica agenda em Santa Catarina.

Carlos Bolsonaro busca vaga no Senado e cogita renúncia

Com a confirmação de sua pré-candidatura, Carlos Bolsonaro deve renunciar ao mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde atua desde 2001, em dezembro. Fontes próximas ao vereador indicam que ele planeja se mudar para Santa Catarina logo após deixar a vereança. A família Bolsonaro manifestou o desejo de que Caroline de Toni concorra ao Senado ao lado de Carlos, compondo a chapa majoritária do governador Jorginho Mello, que buscará a reeleição.

Racha na direita catarinense e pressão partidária

O cenário político em Santa Catarina é marcado por uma disputa interna entre Jorginho Mello e o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), também pré-candidato ao Governo estadual. Ambos buscam demonstrar proximidade com Jair Bolsonaro. Nesse contexto, Mello tem buscado formar alianças partidárias amplas para fortalecer sua candidatura e, ao mesmo tempo, neutralizar Rodrigues.

A articulação para atrair apoio de siglas como PP e União Brasil encontra resistência. Esses partidos sinalizaram que podem retirar o apoio a Mello caso ele tente acomodar Carlos Bolsonaro, Caroline de Toni e Esperidião Amin simultaneamente. O presidente do União Brasil em Santa Catarina, Fabio Schiochet, alertou que o partido, que assumirá a federação no estado, não aceitará candidaturas avulsas e ameaçou compor com Rodrigues caso essa condição não seja atendida.

Uma alternativa ventilada para resolver o impasse era manter a candidatura de Amin ao Senado e indicar Caroline de Toni como vice de Mello. Contudo, essa proposta não avançou, pois a intenção do governador era formar uma chapa pura do PL. Adicionalmente, o posto de vice-governador já havia sido prometido pelo MDB, com o nome do secretário estadual da Agricultura, Carlos Chiodini, como preferencial. A indefinição afeta a composição das chapas majoritárias e proporcionais para 2026.

Caroline de Toni avalia mudança de partido

Diante da complexidade do cenário, Caroline de Toni tem dialogado com outras legendas para viabilizar sua candidatura ao Senado. O Novo, Republicanos e Podemos já teriam apresentado convites de filiação à deputada. Para evitar acusações de infidelidade partidária, que podem custar o mandato, a troca de sigla por parlamentares geralmente ocorre na “janela partidária”. No entanto, a direção do PL pode conceder um “salvo-conduto” a de Toni, como sugerido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que minimizou a importância da legenda para os bolsonaristas.

Se Jorginho Mello decidir manter Esperidião Amin na disputa, a deputada pode migrar para o Novo, partido que busca um projeto independente em Santa Catarina e pode compor com qualquer um dos pré-candidatos ao governo. A decisão de de Toni, assim como a de Amin, que também pode migrar para o PSD se Mello ceder às pressões bolsonaristas, definirá os rumos da direita no estado.

Esquerda busca capitalizar na divisão da direita

Enquanto a direita se fragmenta em Santa Catarina, a esquerda vislumbra uma oportunidade. A divisão entre os eleitores conservadores pode fortalecer candidaturas de “centro democrático” para as cadeiras do Senado. O nome mais cotado para representar a esquerda é o do presidente do Sebrae e ex-deputado federal, Décio Lima. Ele já demonstrou força ao chegar ao segundo turno contra Jorginho Mello em 2022, alcançando a melhor performance de um candidato de esquerda ao governo estadual.

Aliados de Lula (PT) acreditam que Décio Lima pode capitalizar eleitoralmente nessa fragmentação, formando uma chapa competitiva ao Senado com o apoio de legendas progressistas. O petista se declara “à disposição para o que for melhor” para o projeto político, embora sua pré-candidatura oficial seja ao governo estadual.

Fonte: Valor Econômico

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