Campos Neto e Haddad: Proposta de Tributação para Bancos e Fintechs Avança

Proposta de Campos Neto para tributação mínima uniforme de bancos e fintechs tem simpatia da Fazenda. Saiba os detalhes e as reações do setor.
Tributação de bancos e fintechs — foto ilustrativa Tributação de bancos e fintechs — foto ilustrativa

A área técnica do Ministério da Fazenda demonstrou simpatia pela proposta de Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, para estabelecer uma tributação mínima uniforme para todas as instituições financeiras, incluindo bancos e fintechs. A iniciativa visa equiparar a alíquota de impostos pagos por esses players no Mercado financeiro brasileiro.

Contexto da Proposta de Tributação Mínima

A sugestão de Campos Neto, apresentada em Entrevista, propõe uma alíquota de 17,5%. Este modelo se alinha a projetos anteriores desenvolvidos pela equipe do ministro Fernando Haddad, como o imposto mínimo global para multinacionais (taxação efetiva de 15%) e o tributo mínimo para pessoas de alta renda (10%). A ideia central é aplicar a chamada taxa de imposto efetiva (ETR), que reflete o percentual real de impostos pago sobre a renda tributável.

Atualmente, enquanto bancos são sujeitos a alíquotas nominais de 45% de IRPJ e CSLL, na prática, muitos pagam percentuais menores. A proposta de Campos Neto busca corrigir essa distorção, garantindo que instituições financeiras com porte semelhante ao de grandes bancos, como algumas fintechs, também contribuam de forma equitativa.

Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, em evento.
Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, é um dos idealizadores da proposta de tributação para bancos e fintechs.

Disputa e Reações no Setor Financeiro

A proposta, que foi formalizada em uma emenda pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ) ao projeto de Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o aumento da CSLL para fintechs, gerou Reações distintas. Enquanto fintechs, representadas pela associação Zetta, veem a isonomia tributária como um benefício e criticam o que chamam de tentativas dos bancos de frear a concorrência, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) se opõe veementemente.

Isaac Sidney, presidente da Febraban, classificou a proposta de Campos Neto como “casuística” e argumenta que ela falha em capturar a complexidade do modelo fiscal bancário. Segundo ele, as estruturas de custos, despesas, margem, Lucro e volume de deduções variam enormemente entre as instituições, tornando a padronização inviável. Sidney também contestou dados apresentados pela Zetta sobre a diferença de alíquotas efetivas entre bancos e fintechs, defendendo que os cálculos da Febraban mostram uma oscilação histórica entre 15% e 33% para os grandes bancos.

Prédio do Ministério da Fazenda em Brasília.
A área técnica do Ministério da Fazenda avalia a proposta, que busca uniformizar a tributação no setor financeiro.

Análise de Especialistas e Próximos Passos

Eduardo Lopes, presidente da Zetta, defende a alíquota efetiva como a forma mais adequada para buscar a isonomia, criticando as “diversos artifícios” utilizados por alguns para pagar menos impostos. Ele vê a proposta como uma forma de conter a competição crescente e um “ato de desespero” por parte dos bancos.

Daniel Loria, da Loria Advogados e ex-diretor da Secretaria Extraordinária de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, critica o modelo tributário brasileiro, com dois impostos sobre a renda (IRPJ e CSLL) e alíquotas diferenciadas por setor. Ele defende alíquotas mais uniformes, argumentando que aumentos de impostos no setor bancário tendem a ser repassados aos consumidores. Loria sugere que a solução seria acabar com a diferenciação de alíquotas e reduzir as exclusões de base de cálculo, seguindo o modelo da reforma tributária geral.

A discussão sobre a tributação de bancos e fintechs é complexa e envolve diferentes visões sobre Justiça fiscal, concorrência e a estrutura do sistema tributário brasileiro. A avaliação da área técnica da Fazenda indica que a proposta de Campos Neto tem potencial para avançar, mas ainda requer um debate aprofundado no Congresso Nacional.

Fonte: Folha de S.Paulo

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