O BTG Pactual confirmou o anúncio oficial da incorporação do Banco Pan, avançando com a estratégia de integrar a participação remanescente de ações em circulação no Mercado. A decisão, oficializada na segunda-feira, 13, visa consolidar o controle total do banco, que já detinha 74,5% das ações. Esta movimentação estratégica ocorre quatro anos após o BTG adquirir uma fatia de quase 27% do Banco Pan da Caixa Econômica Federal em 2021.
A intenção de BTG Pactual em consolidar o Banco Pan sempre foi clara, com o presidente Roberto Sallouti destacando a importância de “acontecer no momento certo e ao preço certo”. As aproximações para essa integração se tornaram mais evidentes desde o início de 2025, com a nomeação de André Calabro, oriundo do BTG, para o cargo de CEO do Pan.
Paralelamente, o BTG Pactual assumiu a responsabilidade pelo funding do Pan, captando recursos no mercado a custos mais competitivos. Essa integração também envolveu a unificação de sistemas e plataformas tecnológicas, com o objetivo de lançar um único aplicativo para ambas as instituições no próximo ano, mantendo a identidade das Marcas.
Complementaridade de Públicos e Negócios
Apesar das distintas bases de clientes – o BTG Pactual focado em alta renda e o Pan em classes C, D e E –, a mensagem sempre foi de complementaridade. O BTG Pactual tem expandido sua atuação para o varejo e crédito para pequenas e médias empresas, um movimento impulsionado por dinâmicas concorrenciais no setor bancário.
A iniciativa de lançar uma plataforma de investimento digital em 2019 ampliou o Acesso a um público maior de investidores. A aquisição de participações no Pan visa alavancar a base de depósitos de varejo e a carteira de crédito em segmentos como consignado e veículos, gerando sinergias significativas.
Análise de Mercado e Impacto Financeiro
O BTG Pactual propôs um prêmio de 30% sobre o preço das ações do Pan na data do anúncio, uma medida vista como positiva pelos analistas. Brian Flores, Gustavo Schroden e Arnon Shirazi, do Citi, destacaram que “o prêmio é positivo, já que converte um crescimento potencial futuro (do Pan) em imediato retorno tangível”.
Segundo o Citi, essa operação demonstra a confiança do BTG Pactual nas sinergias advindas da integração total das operações, incluindo redução de Custos, otimização de capital e novas receitas via ofertas cruzadas. O movimento também sinaliza a intenção do banco de expandir sua atuação no varejo, utilizando a base de 28 milhões de clientes do Pan.
Histórico da Relação BTG-Pan
A entrada do BTG Pactual no Banco Pan remonta a 2011, em um contexto de socorro financeiro ao então Banco PanAmericano, que pertencia ao Grupo Silvio santos. O Banco Central auxiliou na operação, com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) emprestando recursos que foram garantidos pelo patrimônio pessoal de Silvio Santos. Na transação inicial, o BTG desembolsou R$ 450 milhões. Em 2021, o BTG Pactual se tornou controlador do Pan, adquirindo a fatia da Caixa por R$ 3,7 bilhões.
Atualmente, o Banco Pan atende 32 milhões de clientes e encerrou o segundo trimestre com uma carteira de crédito de R$ 57,8 bilhões, sendo R$ 34,3 bilhões em financiamentos de veículos. André Calabro prevê uma expansão de 20% na carteira de crédito total para este ano. No segundo trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 191 milhões, com um retorno sobre o patrimônio de 11,3%.
Fonte: Estadão