Brasileiros Ignoram Gastos Mensais: 2% Usam Planejador Financeiro

Pesquisa revela que maioria dos brasileiros ignora gastos exatos mensais. Só 2% contrataram planejador financeiro, indicando baixo nível de organização.
planejador financeiro — foto ilustrativa planejador financeiro — foto ilustrativa

A maioria dos brasileiros não sabe o valor exato do que gasta mensalmente, e apenas 2% já contrataram um planejador financeiro para auxiliar na organização das Finanças pessoais. A constatação vem da pesquisa “Planejamento e Controle Financeiro”, encomendada ao Datafolha pela Planejar, entidade que representa os profissionais com certificação CFP (Certified Financial Planner).

Organização Financeira e o Cenário Brasileiro

Mesmo entre aqueles que se consideram organizados em seu orçamento, surgem contradições quando a análise se volta para o futuro. Quando o assunto é investimento, o imóvel próprio e a caderneta de poupança dominam as preferências, embora as criptomoedas também figurem entre as opções. O estudo ouviu 2 mil brasileiros com mais de 18 anos, abrangendo diversas regiões e estratos sociais. A renda familiar média da amostra foi de R$ 5,8 mil.

Apenas 16% dos entrevistados se declararam satisfeitos com sua condição financeira atual, enquanto 46% se mostraram insatisfeitos. Dois terços dos brasileiros afirmam planejar suas despesas mensais com frequência. Entre os insatisfeitos, esse número cai para 55%, e entre os que não se consideram planejados, para 44%.

Mais da metade dos entrevistados (52%) alega ter uma boa noção dos gastos, mas sem saber o valor exato. Em contrapartida, 59% conhecem sua renda mensal. Quatro em cada dez brasileiros admitiram ter gastado mais do que ganharam no último ano, índice que atinge 53% entre os insatisfeitos financeiramente e 54% entre os que se consideram pouco planejados.

“As pessoas mais planejadas têm mais visibilidade quando estão falando de renda, mas 22% delas já gastaram mais do que ganham”, aponta Ana Leoni, presidente da Planejar. Uma parcela expressiva de 43% dos entrevistados não possui nenhuma reserva de emergência. Entre os que têm alguma reserva, 48% preveem que ela dure até um ano, e para um terço, apenas três meses.

A Busca por Aconselhamento Profissional

Seis em cada dez brasileiros (57%) não contam com auxílio para gerenciar suas Finanças pessoais, preferindo buscar informações por conta própria. Dentre os 43% que recorrem a algum tipo de ajuda, a maioria busca parentes e amigos (32%), seguidos por profissionais de bancos (11%) e, apenas 6%, por planejadores financeiros. As principais razões para buscar ajuda foram problemas financeiros ou a necessidade de orientação específica.

“Alguém vendeu para as pessoas a ilusão de que elas resolvem a vida financeira de forma autônoma. É uma temática delicada, pautada pelas emoções, é um assunto Técnico e complexo e você vai lá fazer sozinho, no autosserviço? Quando está doente, procura um médico, quando vai fazer a reforma da casa, um profissional para executar a obra, e na área financeira, acha que pode cuidar do seu dinheiro sozinho? As pessoas precisam da orientação de um profissional”, defende Leoni.

Apenas 2% dos entrevistados afirmaram ter contratado um planejador financeiro, majoritariamente para entender melhor algum assunto ou buscar orientações. No entanto, 49% considerariam contratar tal serviço para se organizar financeiramente, um interesse que cresce principalmente entre os mais jovens. O Brasil conta com cerca de 11 mil planejadores financeiros certificados pela CFP.

Expectativas versus Realidade Financeira

A realidade financeira para muitos brasileiros é desafiadora. Na pesquisa, 39% afirmam que pagam suas contas, mas sem sobra de dinheiro. Outros 19% relatam não conseguir honrar todas as suas obrigações mensais. Esse índice é mais elevado entre os insatisfeitos e entre pessoas que não se consideram financeiramente planejadas.

Quando o tema é Aposentadoria, nota-se um descompasso. Enquanto 82% dos aposentados se sustentam pelo INSS, apenas 64% dos não aposentados acreditam que a previdência pública será suficiente. Reservas próprias e previdência privada aparecem como complementos importantes, mas com taxas de adesão que ainda podem crescer.

O imóvel próprio lidera como principal ativo de investimento citado (51%), seguido pela caderneta de poupança (36%) e renda fixa (30%). Renda variável (16%) e criptomoedas (14%) também são mencionados, indicando uma diversificação, ainda que parcial, nas estratégias de investimento.

Em relação ao planejamento sucessório, 42% dos entrevistados acreditam que seus familiares saberiam acessar seus bens após a morte. Contudo, este é um aspecto que demanda maior atenção, pois ainda é restrito a parcelas mais favorecidas da população. “De todas as dimensões de planejamento financeiro, é a que está menos no radar das pessoas. Se falar de dinheiro é tabu, imagina falar de dinheiro e morte.”

Fonte: Valor Econômico

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade