Brasil é centro do debate global sobre segurança alimentar e produção sustentável

Brasil se destaca no debate global sobre segurança alimentar, unindo ciência, inovação e sustentabilidade para garantir alimentos seguros e acessíveis.
segurança alimentar no Brasil — foto ilustrativa segurança alimentar no Brasil — foto ilustrativa

A segurança alimentar transcende a simples garantia de quantidade de comida, abrangendo também a qualidade, a confiabilidade e a sustentabilidade na produção. Este foi o foco do fórum ‘Os Caminhos para Fortalecer a Segurança Alimentar no Brasil e no Mundo’, promovido pelo Estadão em Parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). O evento, que celebrou a semana mundial da alimentação e os 80 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), reuniu representantes da Anvisa e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para debater ciência, inovação, regulação e políticas públicas essenciais ao setor.

A Indústria Brasileira como Protagonista Global

João Dornellas, presidente da Abia, destacou o papel crucial da indústria brasileira na segurança alimentar mundial. “O Brasil não é apenas o ‘celeiro do mundo’, mas também o ‘supermercado do mundo’, exportando produtos industrializados que geram emprego e renda localmente”, afirmou. Cleber Oliveira Soares, secretário executivo adjunto do Mapa, complementou, informando que a indústria nacional abastece mais de 200 milhões de brasileiros e exporta para mais de 190 países, consolidando o Brasil como o maior exportador mundial de alimentos industrializados desde 2022. “A abertura recente de mais de 440 novos mercados reforça a posição de liderança do setor, que não se limita à exportação de commodities, mas também avança em produtos industrializados e de valor agregado.”, pontuou Soares.

Regulação e Inovação Impulsionando o Setor

A garantia de alimentos seguros, como os produzidos pela indústria brasileira, depende de um órgão regulador atualizado com as inovações do setor. Patrícia Castilho, gerente-geral de Alimentos da Anvisa, ressaltou a importância de uma regulação eficaz para “impulsionar a indústria brasileira”. O Brasil conta com 83 temas em sua agenda regulatória, exigindo atualização constante das normas sem criar barreiras à inovação ou ao comércio, sempre com a proteção do consumidor como prioridade. “A tomada de decisões conjuntas, envolvendo setor produtivo, a sociedade e a academia, é fundamental para a produção de alimentos seguros na quantidade necessária e acessíveis à população”, garantiu Castilho.

O Mapa complementa a segurança alimentar com rastreabilidade e integração entre inovação, sustentabilidade e competitividade. “Não adianta sermos grandes e não sermos eficientes e competitivos. E, para ter segurança tanto alimentar quanto do produto, temos que ser competitivos não só em volume, mas também na qualidade”, disse Soares. Nesse contexto, o protagonismo do Brasil na Comissão do Codex Alimentarius, da OMS, é essencial. Guilherme Costa, chefe de gabinete da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, explicou que o País atua na elaboração de normas baseadas em ciência, equilibrando proteção à saúde pública e facilitação do comércio, garantindo que produtos brasileiros possam competir de forma justa em mercados internacionais.

Ciência, Inovação e Diplomacia para a Segurança Alimentar Global

A liderança do Brasil no comércio internacional de alimentos também se apoia na união de ciência e diplomacia. O conhecimento tem papel estratégico na construção de normas e padrões reconhecidos globalmente, condição essencial para garantir competitividade e Acesso a novos mercados. A inovação científica, com instituições como a Embrapa, permite que produtores adotem práticas alinhadas aos padrões internacionais de sanidade e qualidade, abrindo portas para exportações. A integração entre ciência, regulação e setor produtivo fortalece a imagem do País como fornecedor confiável de alimentos seguros.

Ferramentas digitais e dados sólidos são cruciais para a tomada de decisão e para aumentar a previsibilidade dos órgãos de Governo. “Com o arcabouço que temos de soluções, podemos escolher melhor. E isso, de forma conjunta com a sociedade e os órgãos de controle, para que todos tenhamos alimentos seguros, acessíveis e na quantidade necessária”, afirmou Soares. Ricardo Mussa, chair da Sustainable Business COP30, destacou o papel do setor privado como agente de ação e transformação global. “O setor privado é pragmático e consegue trazer soluções rápidas e implementáveis”, disse. Para Mussa, o Brasil deve apresentar-se nos debates internacionais com confiança, pois em produção de alimentos e energia, o país é mais sustentável que outros. O empresariado pode influenciar decisões multilaterais através de iniciativas como o B-20 e o SB COP, que buscam soluções escaláveis e replicáveis com eficácia comprovada e aplicabilidade global.

Combate à Fome e Desenvolvimento Sustentável

Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas, defende que o combate à desigualdade social e à fome é o ponto de partida para estabilidade política e econômica. “O Brasil pode ser campeão mundial da segurança alimentar, da energia renovável e da inclusão social, desde que combine produção eficiente, respeito ambiental e justiça social.” Rodrigues sugere que a segurança alimentar mundial pode ser um motivo para a humanidade se unir na COP, e que o mundo tropical, sob coordenação do Brasil, pode ser uma solução. Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners, reforça que o Brasil, um dos maiores exportadores mundiais de commodities, tem potencial para ir além, tornando-se um polo de alimentos e cadeias produtivas avançadas. “O que me deixa muito otimista é que a solução para o mundo é o caminho de prosperidade para o Brasil”, afirmou.

O Brasil reúne condições únicas para liderar uma nova era de produção sustentável de alimentos, baseada em ciência, inovação e uso eficiente da terra, como defende o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. A integração entre ciência, regulação e setor produtivo fortalece a imagem do País como fornecedor confiável de alimentos seguros. Investimentos internacionais em sustentabilidade agrícola, como o programa Ecoinvest, destinam bilhões para financiar projetos de produção resiliente em terras degradadas, demonstrando o potencial de crescimento e liderança do Brasil neste setor vital.

Fonte: Estadão

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