O Brasil anunciou nesta terça-feira (14), durante a Pré-COP em Brasília, uma nova iniciativa ambiciosa: o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis” ou “Belém 4x”. O objetivo é unir esforços globais para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. A proposta está em negociação com países parceiros, incluindo Índia, Itália e Japão, e sua publicação oficial é esperada para os próximos dias, segundo o Palácio Itamaraty. A expectativa é que o compromisso seja endossado durante a Cúpula do Clima, em novembro, em Belém, que antecede as negociações da COP30.

Meta baseada em relatório da AIE
A meta de quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis tem como referência o relatório “Delivering Sustainable Fuels – Pathways to 2035”, da Agência Internacional de Energia (AIE). O documento destaca alternativas como hidrogênio e seus derivados, biocombustíveis, biogases e combustíveis sintéticos como caminhos para expandir o uso e a difusão dessas energias. O relatório da AIE é considerado uma fonte de autoridade no setor energético global.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou o potencial do Brasil em contribuir para a matriz energética global. “Países como o Brasil têm todas as condições de dar uma contribuição para além de si mesmo, porque temos fontes renováveis e diversificadas de energia”, afirmou. Ela destacou que um esforço conjunto é crucial para aumentar a participação das energias renováveis na matriz energética global e, consequentemente, diminuir a dependência de combustíveis fósseis.
Sinergia com metas globais
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, enfatizou a importância da meta proposta, citando a credibilidade da AIE. “E aqui eu acho que é extremamente importante você ter a mais respeitada agência especializada em energia dizendo o quanto é importante multiplicar por quatro os combustíveis sustentáveis”, declarou.
Esta nova meta se alinha com compromissos globais já estabelecidos, como a meta de triplicar a capacidade de produção de energia renovável e duplicar a taxa de eficiência energética até 2030, aprovada na COP28 em Dubai. Naquela ocasião, os países concordaram, pela primeira vez, em “transitar para longe dos combustíveis fósseis”, ao mesmo tempo em que se comprometeram a expandir drasticamente as fontes limpas e sustentáveis de energia, com foco em geração solar, eólica, hidrelétrica, biomassa e geotérmica.
A iniciativa brasileira busca fortalecer a transição energética global, alinhando o país com as discussões sobre sustentabilidade e o futuro da energia. A implementação bem-sucedida desta meta pode posicionar o Brasil como um líder na produção de combustíveis verdes e impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias no setor.
Fonte: InfoMoney