O Brasil apresentou um plano estratégico para impulsionar o financiamento climático a US$ 1,3 trilhão anualmente, em preparação para sediar a COP30 em Belém. O documento, intitulado Baku to Belem Roadmap, é fruto de meses de negociações e visa restaurar a confiança nos esforços globais de combate às mudanças climáticas, que enfrentam desafios crescentes com o aumento das emissões e a vulnerabilidade de países mais pobres a eventos extremos.
Desafios e Reveses Políticos
Apesar do lançamento do plano, o cenário político apresenta obstáculos significativos. A União Europeia recentemente flexibilizou suas metas de redução de emissões para 2040, uma decisão criticada por ambientalistas como um retrocesso e um sinal preocupante às vésperas da COP30. “A UE fez uma escolha perigosa hoje”, declarou Jeroen Gerlag, do Climate Group, expressando decepção com a Liderança europeia.
O Reino Unido também gerou descontentamento ao anunciar que não destinará recursos ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um dos pilares da ambição brasileira de arrecadar US$ 125 bilhões para a proteção de florestas tropicais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou frustração com a decisão, especialmente após um apelo direto ao primeiro-ministro britânico.
O presidente Lula tem buscado ativamente contribuições de líderes globais. Reuniões com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Alexander Stubb, presidente da Finlândia, e Ding Xuexiang, vice-premiê da China, foram realizadas para solicitar aportes financeiros.
Um Projeto Global de Cooperação e Resultados
O Baku to Belem Roadmap é apresentado como um “projeto para cooperação e resultados tangíveis”, especialmente em um contexto de redução da ajuda global ao desenvolvimento. Mukhtar Babayev, presidente da COP29, ressaltou a magnitude do desafio de redirecionar as Finanças globais para objetivos climáticos.
“O sucesso exigirá grande vontade política. Será necessário um foco contínuo e exigirá uma ação implacável de todos nós. Os países simplesmente não poderão reduzir as emissões ou se adaptar ao aumento das temperaturas se não puderem contar com capital”, afirmou Babayev.
As propostas para expandir o financiamento incluem um aumento nas doações e maior Acesso ao capital privado para países em desenvolvimento. Os bancos multilaterais terão um papel crucial em aliviar o endividamento e assumir mais riscos. O documento enfatiza que “os recursos existem, a ciência é clara e o imperativo moral é inegável”. O foco agora está na “determinação de agir — transformar o inimaginável em inevitável e fazer com que esta década de implementação acelerada seja aquela em que a resposta da humanidade finalmente corresponda à escala de sua responsabilidade”.
Fonte: InfoMoney