Braga Netto recorre ao STF contra condenação e questiona delação de Cid

Defesa de Braga Netto recorre ao STF contra condenação de 26 anos e questiona delação de Mauro Cid na trama golpista.
General Walter Braga Netto em interrogatório no STF, parte do recurso contra sua condenação. General Walter Braga Netto em interrogatório no STF, parte do recurso contra sua condenação.

A Defesa do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro de Jair Bolsonaro, apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a condenação a 26 anos de prisão na ação que apura a trama golpista. O pedido argumenta cerceamento de Defesa e levanta dúvidas sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.

Braga Netto, considerado parte do “núcleo crucial” da suposta conspiração, é acusado de envolvimento em um plano que envolvia monitoramento e possível assassinato de autoridades. A Defesa alega que o encontro mencionado em depoimento por Cid foi apenas uma cordialidade e que o tenente-coronel mentiu ao relatar ter deixado a reunião mais cedo, o que, segundo os advogados, sugere que discussões ilícitas teriam ocorrido em sua ausência.

Recurso e Alegação de Cerceamento de Defesa

Os advogados do general protocolaram um recurso conhecido como “embargos de declaração”. Embora essa modalidade de recurso geralmente não altere o mérito da decisão, busca esclarecer omissões, contradições ou ambiguidades.

Entre os pontos levantados pela Defesa está a alegação de que a Primeira Turma do STF não possuiria competência para julgar Braga Netto. Além disso, argumentam que o extenso volume de provas disponibilizado, combinado com a rapidez do processo, teria impedido uma análise completa e adequada das evidências pela defesa.

A defesa sustenta que a condenação de Braga Netto ocorreu em um processo “conduzido sem a necessária imparcialidade” e que o julgamento foi “norteado por uma delação comprovadamente mentirosa, em franca violação às provas dos autos”.

General Walter Braga Netto em interrogatório no STF
General Walter Braga Netto é um dos condenados na ação que apura a trama golpista.

Questionamento da Delação de Mauro Cid

Um dos pilares do argumento da defesa é a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Tanto Cid quanto Jair Bolsonaro (PL) também foram condenados e compõem o “núcleo crucial” da investigação. “A prova produzida sob o crivo do contraditório demonstrou que ele [Braga Netto] não se envolveu em tramas golpistas. É inadmissível que o acórdão se sustente na delação de um colaborador coagido e sem credibilidade”, afirma a defesa do general.

Condenações no Caso da Trama Golpista

Além de Braga Netto, outras figuras proeminentes foram condenadas na mesma ação. Jair Bolsonaro recebeu pena de 27 anos e 3 meses, enquanto Mauro Cid foi condenado a 2 anos. Figuras como Augusto Heleno (21 anos), Anderson Torres (24 anos), Paulo Sérgio Nogueira (19 anos), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Abin (16 anos), e o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier (24 anos), também foram sentenciados. O prazo final para a apresentação de recursos encerra nesta segunda-feira.

O caso reflete a complexidade jurídica em torno das investigações sobre os eventos que antecederam e sucederam o período eleitoral, com desdobramentos que impactam diretamente o cenário político e a Confiança nas instituições democráticas.

Fonte: Valor Econômico

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