O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi nomeado nesta segunda-feira, 20, como o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, integrando o núcleo duro do Governo Lula. Sua principal função será atuar na interlocução do Palácio do Planalto com os movimentos sociais, um passo estratégico a menos de um ano das eleições de 2026.
A inclusão de Boulos na equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinaliza uma guinada do governo à esquerda, em um momento de distanciamento de setores da sociedade que se afastam do PT. Sua missão será reaproximar o Planalto desses grupos.
Candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo no ano passado, Boulos sucede Márcio Macêdo no cargo, que ocupava um gabinete no quarto andar do Planalto. Esta é a 13ª substituição no primeiro escalão desde o início do terceiro mandato de Lula, em 2023.
Márcio Macêdo, que foi tesoureiro da campanha petista em 2022, enfrentou meses de especulações sobre sua saída, mas só foi comunicado da troca na semana passada. O convite a Boulos, no entanto, já havia sido feito em maio.
Anteriormente, em janeiro, Gleisi Hoffmann, então presidente do PT, chegou a ser cotada para substituir Macêdo. Contudo, após Alexandre Padilha ser realocado da Secretaria de Relações Institucionais para o Ministério da Saúde, Gleisi optou pela cadeira de articulação política com o Congresso.
Houve, inicialmente, resistência à entrada de Boulos por parte de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), devido a divergências históricas com Boulos, que foi coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Colegas de Boulos no PSOL também expressaram desaprovação. No entanto, auxiliares de Lula garantem que o mal-estar foi superado.
Boulos esteve presente na cerimônia de lançamento do programa Reforma Casa Brasil, voltado para a classe média, sentando-se na primeira fileira do Salão Nobre do Planalto. Macêdo não compareceu ao evento.
Estratégia para 2026 e Futuro Político
O presidente Lula tem como objetivo que Boulos mobilize o apoio social para sua campanha de reeleição em 2026. Em contrapartida, Boulos se comprometeu a defender o governo nas redes sociais e a não concorrer a um novo mandato de deputado federal em 2026, o que o obrigaria a deixar o ministério em abril do próximo ano. Uma parte da bancada do PSOL desaprovou esse compromisso, uma vez que Boulos é um puxador de votos importante para o partido na Câmara.
A estratégia de Lula, confiante em sua própria recondução, é fortalecer o nome de Boulos para que ele se candidate novamente à Prefeitura de São Paulo em 2028. Em 2022, Boulos chegou ao segundo turno na disputa pela prefeitura, mas foi derrotado por Ricardo Nunes (MDB). Lula expressou o desejo de filiar Boulos ao PT.
Desincompatibilização de Ministros
O Planalto estima que entre 18 e 20 ministros deverão deixar seus cargos em abril para concorrer em eleições Estaduais ou legislativas. A Lei Eleitoral estabelece um prazo de desincompatibilização de seis meses antes das disputas, que em 2026 ocorrerão em outubro. Essa movimentação visa preparar o terreno para as campanhas e articulações políticas futuras.
Fonte: Estadão