O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu reabrir o inquérito que apura a suposta interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. A medida atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e visa dar continuidade às investigações.
Contexto da Reabertura da Investigação
O inquérito foi originalmente instaurado a pedido da PGR para investigar possíveis crimes como falsidade ideológica, coação no curso do processo e obstrução de Justiça, atribuídos a Bolsonaro. A apuração teve início após denúncias do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que acusou o então presidente de tentar influenciar politicamente a PF.
Em 2022, a Polícia Federal havia concluído a investigação, descartando a prática de crimes por parte de Bolsonaro. Na época, o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou o arquivamento do caso.
Pedido da PGR e Novas Diligências
O atual procurador-geral, Paulo Gonet, argumentou em ofício ao STF que é “imprescindível que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências” de Bolsonaro em investigações, utilizando a estrutura do Estado e obtendo dados sensíveis clandestinamente. Há indícios de que o ex-presidente buscava informações privilegiadas sobre apurações que envolviam ele, familiares e aliados.
Entre as provas citadas pela PGR estão mensagens de WhatsApp trocadas entre Bolsonaro e Moro. Em uma delas, o ex-presidente teria dito a Moro: “Moro, o Valeixo sai essa semana. Isto está decidido. Você pode dizer apenas a forma: a pedido ou ex ofício”. Bolsonaro também compartilhou uma reportagem sobre a PF investigar deputados bolsonaristas, escrevendo: “Mais um motivo para a troca”.
Depoimento de Sérgio Moro
Em seu depoimento à Polícia Federal, Sérgio Moro relatou que Bolsonaro expressava insatisfação com a falta de acesso a relatórios de inteligência da corporação e pressionava pela substituição do então diretor-geral Maurício Valeixo, além de solicitar mudanças nas superintendências do Rio de Janeiro e de Pernambuco. A reabertura do caso por Moraes busca esclarecer essas alegações com novas diligências.
Fonte: Estadão