A Comissão de Segurança Pública da Câmara, predominantemente bolsonarista, aprovou uma proposta que visa desmantelar o Núcleo Estratégico de Combate ao Crime Organizado. Este comitê, ligado ao Ministério da Justiça, foi estabelecido com o objetivo de mapear e combater facções criminosas que têm demonstrado avanço em diversos setores da economia, como revelado por recentes operações policiais contra o PCC.
O Núcleo Estratégico foi criado no início do ano por meio de portaria do Ministério da Justiça. Sua estrutura integra órgãos como a Polícia Federal, a Secretaria Nacional de Segurança Pública e a Secretaria Nacional sobre Drogas, focando no mapeamento de informações sobre a atuação de organizações criminosas e no apoio a Estados e municípios na implementação de políticas públicas de combate.
A Proposta de Decreto Legislativo
O projeto que propõe o fim do núcleo foi apresentado pelo deputado federal Marcos Pollon (PL-MS). Em sua argumentação, Pollon defende que a portaria ministerial deveria ser mais abrangente, incluindo outras instituições como as Forças Armadas e a Polícia Penal. Ele se baseou em uma suposta “doutrina” do senador Sergio Moro (União-PR), ex-juiz da Lava Jato, para sustentar que a colaboração interinstitucional é fundamental para o sucesso no enfrentamento de facções criminosas. A aprovação do texto ocorreu de forma simbólica, com a concordância silenciosa dos parlamentares.
Operações Policiais Recentes Contra o Crime Organizado
Curiosamente, no dia seguinte à votação na Câmara, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Mafiusi, apelidada de “Lava Jato do PCC”. Esta operação investiga as conexões da facção com máfias internacionais, especificamente a italiana e a albanesa, resultando na Prisão preventiva de três indivíduos.
Em março, a Operação Carbono Oculto já havia evidenciado o uso de refinarias, postos de combustíveis, hotéis, motéis e um terminal portuário por parte do PCC para a lavagem de dinheiro. A investigação também apontou o uso de fintechs no esquema, levando a PF a cumprir mandados na região da Avenida Faria Lima.
Fonte: Estadão