As bolsas de valores na Ásia-Pacífico estão adotando uma postura restritiva contra empresas listadas que atuam como veículos de acumulação de criptomoedas, conhecidas como Tesourarias de Ativos Digitais (DATs). A Hong Kong Exchanges & Clearing (HKEX) contestou os planos de pelo menos cinco companhias que buscam mudar seu foco para estratégias de tesouraria baseadas em ativos digitais, argumentando que essas propostas violam regras que proíbem grandes participações em ativos líquidos.
Iniciativas semelhantes enfrentam resistência na Índia e na Austrália, em um momento de crescente pressão sobre criptomoedas e empresas que as acumulam. O bitcoin (BTC) atingiu um pico histórico de US$ 126.251 em 6 de outubro, impulsionado em grande parte pela proliferação de companhias dedicadas a estocar o token, um modelo popularizado pela Strategy, de Michael Saylor.
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Nos últimos meses, no entanto, as compras das DATs diminuíram, e suas ações caíram, acompanhando a correção do Mercado de criptomoedas. Um relatório da 10X Research indicou que investidores de varejo já perderam cerca de US$ 17 bilhões em negociações com essas companhias.
Regras de Listagem em Destaque
Em Hong Kong, empresas listadas com a maior parte de seus ativos em dinheiro ou investimentos de curto prazo são classificadas como “empresas de caixa” e podem ter suas ações suspensas. Para acumular criptomoedas, a aprovação depende da demonstração de que a aquisição desses ativos é essencial para as operações. Atualmente, é proibido que companhias listadas em Hong Kong se tornem exclusivamente acumuladoras de criptoativos. A HKEX afirmou que seu arcabouço regulatório “garante que os negócios e operações de todas as empresas listadas ou candidatas à listagem sejam viáveis, sustentáveis e substanciais”.
Na Austrália, a ASX proíbe que companhias listadas mantenham 50% ou mais de seus balanços em caixa ou ativos equivalentes, tornando “praticamente impossível” adotar um modelo de tesouraria cripto. A empresa de software Locate Technologies, que investe em bitcoin, está transferindo sua listagem para a Nova Zelândia. A ASX sugere que empresas que desejam investir em bitcoin ou ether (ETH) estruturem sua oferta como um fundo negociado em bolsa (ETF).
Japão: Exceção Regulamentar para Tesourarias
O Japão surge como uma exceção notável. Lá, é comum que empresas públicas mantenham grandes reservas de caixa, e as regras de listagem permitem maior liberdade para as DATs. O Japan Exchange Group afirmou que, se a empresa fizer as divulgações adequadas sobre a compra de bitcoin, seria difícil concluir que tais ações são inaceitáveis.
O país abriga 14 empresas listadas compradoras de bitcoin, como a Metaplanet, do setor hoteleiro, que possui cerca de US$ 3,3 bilhões em bitcoin. No entanto, mesmo no Japão, há sinais de resistência. A MSCI, provedora de índices, propôs recentemente excluir grandes DATs de seus índices globais, argumentando que elas podem apresentar características semelhantes a fundos de investimento, que são inelegíveis para seus índices. Essa exclusão poderia impactar os fluxos de capital vindos de fundos que replicam os índices.
Fonte: Valor Econômico