O mês de Outubro, tradicionalmente um período de altas para criptomoedas, encerrou com o Bitcoin (BTC) abaixo de US$ 110.000, marcando uma queda de cerca de 7% nos últimos 30 dias. Este recuo interrompeu a sequência de nove anos em que Outubro era o mês mais lucrativo para o ativo, conhecido como “Uptober”, impactado por pressões macroeconômicas e saídas de capital dos ETFs de cripto.
O mau humor do Mercado foi desencadeado por vendas generalizadas nas bolsas americanas, após anúncios de investimentos bilionários em inteligência artificial por Meta (META) e Microsoft (MSFT). A percepção de excesso de gastos e pressão sobre margens corporativas afetou ativos de risco, incluindo criptoativos.
O movimento coincidiu com uma reversão no fluxo dos ETFs, que registraram saídas líquidas de US$ 600 milhões para fundos de Bitcoin e US$ 184 milhões para fundos de Ethereum (ETH) na última semana de Outubro, segundo a SoSoValue.
Em relação às expectativas de juros, a ferramenta FedWatch da CME indica 65% de chance de corte nos EUA este ano, uma redução significativa em relação aos mais de 90% de uma semana antes, diminuindo a perspectiva de afrouxamento monetário que sustentava a narrativa de risco desde Agosto.
A Coinglass reportou US$ 879 milhões em liquidações nas últimas 24 horas, com 86% em posições compradas, e o índice de Medo e Ganância mergulhou na zona de “medo”.
Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, destaca que o BTC atingiu a máxima de US$ 116.400 e recuou até US$ 107.925, uma faixa de liquidez compradora que pode atuar como suporte de curto prazo. O suporte de médio prazo está em torno de US$ 105 mil.
Caso haja fluxo comprador, as resistências imediatas estão nas regiões de US$ 112.500 e US$ 118.700.
Ethereum e Solana: testes de suporte e otimismo
O Ethereum (ETH) caiu 10,9% em Outubro, sendo negociado a US$ 3.850, após testar a mínima de US$ 3.839. Ana de Mattos avalia que o ativo segue lateralizado, com resistências em US$ 4.070 e US$ 4.320, e suportes em US$ 3.740 e US$ 3.590.
Apesar da correção, o ETH mantém fundamentos positivos. Marcelo Person, diretor de Crypto Treasury & Markets da Foxbit, afirma que o Ethereum continua atraindo atenção institucional, com ETFs spot ganhando tração e dados on-chain mostrando acúmulo de ETH nas corretoras.
“Em Novembro, as expectativas se voltam a atualizações técnicas da rede e ao avanço da tokenização”, disse Person.
A Solana (SOL), que perdeu 15,4% no mês, também enfrenta resistências. O ativo chegou a US$ 205, mas recuou para US$ 185,79. Os suportes de curto e médio prazo estão em US$ 177 e US$ 164, enquanto as resistências aparecem em US$ 200 e US$ 223.
Person vê motivos para otimismo: “A Solana entra em Novembro com um ecossistema mais aquecido, crescimento de aplicações em games, redes sociais e pagamentos, além da expectativa de um ETF próprio no futuro próximo.”
Perspectivas para Novembro: XRP e Avalanche em Destaque
Para Novembro, Marcelo Person destaca que o XRP e a Avalanche (AVAX) merecem atenção. Com a situação regulatória resolvida nos EUA, o XRP volta a atrair investidores institucionais, e a Ripple avança em pagamentos transfronteiriços.
A Avalanche desponta como uma das redes mais promissoras em tokenização e aplicações financeiras, com sinais de acúmulo por grandes carteiras.
O especialista pondera que a estrutura de longo prazo do Bitcoin segue intacta, sustentada pela adoção institucional, avanço regulatório e perspectiva do próximo halving, previsto para 2028. “O ‘Uptober’ não se repetiu, mas o mercado não perdeu sua base estrutural. A maturidade do ecossistema cripto permite que correções coexistam com ciclos de adoção”, resumiu.
Fonte: InfoMoney