O bitcoin (BTC) sofreu uma forte desvalorização nesta terça-feira (4), atingindo a mínima de US$ 103.623, um patamar não visto desde 23 de junho. A queda é impulsionada pela expectativa de que os Estados Unidos promovam menos cortes na taxa de juros do que o antecipado, somada à realização de lucros por investidores de longo prazo e ao fechamento de posições compradas em mercados futuros.
Essa retração no valor do bitcoin levou o Índice Fear & Greed (Medo & Ganância) das criptomoedas a cair de 42 para 21 pontos, indicando um sentimento de “medo extremo” entre os investidores. O indicador avalia o humor do Mercado entre 1 (aversão total ao risco) e 100 (máxima ganância).
Impacto da Política Monetária Americana e Realização de Lucros
Às 10h24 (horário de Brasília), o bitcoin registrava uma queda de 3,5% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 103.840. Em reais, a desvalorização era de 3%, chegando a R$ 559.818. Desde seu pico histórico em 6 de outubro (US$ 126.080), o BTC acumula uma desvalorização de 17,6%.
O analista da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual, Matheus Parizotto, aponta que o mercado de criptoativos tem enfrentado um movimento de baixa desde o crash ocorrido no mês passado. “O ajuste de posições elevou a percepção de risco e manteve os investidores mais cautelosos, especialmente em altcoins de menor capitalização, que tendem a sofrer mais em fases de redução de liquidez”, explicou.
Parizotto adicionou que, nos últimos 30 dias, a soma de compras de tesourarias de ativos digitais e o capital que entrou em fundos negociados em bolsa (ETFs) de BTC ficou abaixo da emissão de novos bitcoins. “Ao mesmo tempo, investidores de longo prazo vêm realizando lucros, com movimentação diária em torno de US$ 2,5 bilhões, o maior nível desde novembro de 2024, sinalizando distribuição relevante desse grupo”, comentou.
Análise Técnica e Fluxo de Investimento em ETFs
Analistas da consultoria Vault Capital alertam que a perda do suporte de US$ 107 mil pelo bitcoin abriu caminho para quedas até a faixa de US$ 103 mil a US$ 104 mil. O risco agora é de que as correções continuem em direção aos US$ 100 mil e até US$ 98.500.
“No momento, os compradores precisam defender com consistência a região atual, que atua como suporte de curto prazo. A perda dessa faixa aumentaria o risco de aceleração da correção”, afirmam em relatório.
Por outro lado, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, sugere que um fluxo comprador consistente poderia levar o preço do bitcoin a buscar resistências de curto e médio prazo nas faixas de US$ 112.500 e US$ 118.700.
Nos ETFs de bitcoin à vista negociados nas bolsas americanas, o saldo líquido foi negativo em US$ 186,5 milhões ontem, com o IBIT da BlackRock sendo o único responsável pelo fluxo vendedor. Este marca o quarto pregão consecutivo com saída de capital nesses fundos.
Já os ETFs de ether registraram um fluxo negativo de US$ 135,7 milhões, com destaque para o ETHA da BlackRock (US$ 81,7 milhões) e o FETH da Fidelity (US$ 25,1 milhões). Os ETFs de solana, no entanto, apresentaram um saldo positivo de US$ 70,1 milhões.
Fonte: Valor Econômico