Biocombustíveis no Brasil: aposta para descarbonizar navegação na COP30

Brasil aposta em biocombustíveis para transporte marítimo na COP30 após impasse na IMO. Entenda o potencial e os desafios.
Biocombustíveis para navegação — foto ilustrativa Biocombustíveis para navegação — foto ilustrativa

Especialistas acreditam que o Brasil pode liderar a adoção de biocombustíveis para descarbonizar o transporte marítimo, reforçando essa mensagem durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). A estratégia surge após um impasse na Organização Marítima Internacional (IMO) sobre metas de emissões.

A definição da estrutura para atingir o Net-Zero de emissões de gases de efeito estufa (GEE) foi adiada pela IMO devido à Falta de consenso, com os Estados Unidos se opondo a um “imposto global sobre o carbono”. A proposta da IMO incluía um padrão global de combustível e um mecanismo de precificação de emissões, com implementação gradual a partir de 2027.

Aposta brasileira em biocombustíveis

A discussão sobre o padrão de combustível é de particular interesse para o Brasil, que defende o uso de biocombustíveis como biodiesel e etanol, classificados como “drop-in” por serem compatíveis com os motores marítimos atuais. O país busca apresentar essas alternativas como solução climática para os transportes, mesmo diante da resistência europeia, que prioriza amônia verde, hidrogênio e metanol.

Navios cargueiros no porto, representando o transporte marítimo e a discussão sobre biocombustíveis.
Transporte marítimo global é um dos maiores emissores de GEE.

Camilo Adas, diretor da Be8, destaca a influência geopolítica na IMO e o entrave inicial imposto pela Europa. A falta de consenso frustrou a indústria marítima global, que clama por clareza regulatória para investir em combustíveis alternativos e tecnologias de descarbonização.

Biocombustíveis e sustentabilidade alimentar

Adas defende que o Brasil deve usar a COP30 para promover sua biotecnologia e bioenergia, demonstrando que essas fontes de energia não representam riscos à produção de alimentos. Ele ressalta a complementaridade entre “prato e tanque”, onde terras degradadas podem aumentar a produção com a matéria-prima para biodiesel.

Lula e Trump em reunião, discutindo políticas econômicas e comerciais.
Interesses comerciais entre Brasil e EUA podem influenciar políticas ambientais.

Um relatório da consultoria Boston Consulting Group (BCG) aponta o potencial brasileiro para suprir até 15% da demanda global de biocombustíveis para navegação, evitando 170 milhões de toneladas de CO2 e atraindo US$ 90 bilhões em investimentos. Para isso, é fundamental o arcabouço regulatório da IMO, mecanismos de incentivo claros e a adaptação de motores.

Infraestrutura e políticas de incentivo

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) considera essenciais políticas de incentivo e subvenções para acelerar a aceitação e o investimento em tecnologias portuárias e de embarcações. A infraestrutura portuária global e local também requer avanços, garantindo que combustíveis sustentáveis sejam facilmente acessíveis em rotas internacionais.

Nilton Mattos e Antonio Augusto Reis, do escritório Mattos Filho, veem positivamente o sistema híbrido da IMO, que combina frota mais eficiente a incentivos ou penalidades baseadas em emissões de carbono. Essa abordagem pode ser uma oportunidade para o Brasil, pois foca na eficiência do uso de combustível, sem limitar o volume total de emissões.

Fonte: InfoMoney

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