BC mantém juros em 15% pela 3ª vez; Lula e Haddad pressionam por queda

Banco Central mantém Selic em 15% pela 3ª vez. Saiba os motivos, as projeções de inflação e a pressão do governo Lula e Haddad.
Banco Central mantém juros — foto ilustrativa Banco Central mantém juros — foto ilustrativa

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano pela terceira reunião consecutiva. A decisão, amplamente esperada pelo mercado, ocorre em meio a pressões do Governo federal pela redução dos juros.

A decisão do colegiado unânime aconteceu um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que, se fosse diretor do BC, votaria pela queda dos juros. Haddad reclamou que debater a Selic virou “Tabu” e diz sentir obrigação de opinar sobre o tema. O ministro engrossou o coro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou Gabriel Galípolo à presidência do BC e voltou a cobrar a instituição pela queda dos juros.

Essa é a terceira reunião em que o BC mantém a Selic em 15%. Entre setembro de 2024 e junho deste ano, a taxa foi elevada em 4,50 pontos, configurando o segundo maior ciclo de alta em 20 anos, superado apenas pela elevação de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, após a pandemia.

Em sua justificativa, o Copom citou um cenário de “expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no Mercado de trabalho”. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, declarou o comitê.

O Copom informou que considera a taxa Selic atual, de 15%, suficiente para garantir a convergência da inflação à meta, desde que os juros sejam mantidos nesse nível por um período “bastante prolongado.”

“O comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado do Copom, que manteve a taxa básica em 15%.

Essa afirmação marca uma Virada em relação às comunicações anteriores. Até a última reunião, o comitê vinha avaliando se a manutenção da Selic em 15% seria suficiente para garantir a convergência. Agora, o Copom afirma pela primeira vez que esse nível levará a inflação à meta.

O colegiado ponderou que continua “vigilante” e que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. “[O comitê] não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado”, diz o comunicado.

Juros reais e projeções

Com a manutenção da Selic em 15%, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, de 9,74%. O país está atrás apenas da Turquia (17,80%) e à frente de Rússia (9,10%), Argentina (5,16%) e Índia (4,21%). O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil é de 5,0%.

O Copom revisou sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o fim do segundo trimestre de 2027, de 3,4% para 3,3%. Essa projeção ainda se encontra acima do centro da meta de inflação, que é de 3%. Isso sugere que a trajetória de juros embutida no relatório Focus é insuficiente para fazer a inflação convergir ao alvo no período de seis trimestres observado pelo BC.

As medianas indicam que a Selic estará em 15,0% no fim deste ano e cairá a 12,25% no fim de 2026. A cotação do dólar usada pelo comitê nas projeções permaneceu em R$ 5,40. O Focus projeta o IPCA para 2025 em 4,55% (ante 4,83%) e para 2026 em 4,20% (ante 4,30%). Para 2027, a projeção caiu de 3,90% para 3,80%.

A projeção do Copom para o IPCA acumulado em 2025 passou de 4,8% para 4,6%, ainda acima do teto da meta de 4,50%. A estimativa para 2026 foi mantida em 3,6%. Essas projeções levam em conta a evolução da taxa de câmbio, a trajetória da Selic e o preço do petróleo.

Em cenário de referência, o Copom ajustou as projeções para a inflação de preços livres em 2025 (de 5,0% para 4,5%) e 2026 (de 3,5% para 3,6%), mantendo as projeções no segundo trimestre de 2027 em 3,2%. A projeção para os preços administrados subiu para 5,0% este ano (ante 4,3%), caiu para 3,4% em 2025 (ante 3,8%) e 3,5% em 2026 (ante 3,7%).

Fonte: Estadão

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