Paulo Picchetti, diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos do Banco Central (BC), declarou que a atividade econômica do país está em processo de desaceleração, conforme o esperado, e que a política monetária está demonstrando sua eficácia. A declaração foi feita em Washington, durante um evento promovido pelo J.P. Morgan.
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Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. O comunicado do órgão indicou que a vigilância continuará e que será avaliado se a manutenção da taxa de juros por um período prolongado será suficiente para atingir a meta de inflação de 3%.
Picchetti ressaltou a desaceleração no setor de serviços e comentou os dados mais recentes do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador apresentou uma queda de 0,53% em julho em comparação com o mês anterior. Ele observou que a desaceleração é perceptível em praticamente todos os componentes do IBC-Br.
Em relação a uma possível recessão, o diretor do BC afirmou que o cenário-base é de desaceleração da atividade, mas descartou a probabilidade de uma recessão profunda. “Quando se trata das preocupações que vimos em termos de se a atividade está prestar a colapsar, um medo de recessão, de qual é o cenário-base do Banco Central de agora em diante, eu destacaria que o cenário-base é uma desaceleração de atividade, mas não ao ponto de levar a economia a uma recessão”, disse.
Picchetti expressou sua ressalva quanto à definição de “recessão técnica”, que considera dois trimestres consecutivos de queda do PIB. Ele explicou que essa métrica pode ser enganosa, pois quedas pequenas e concentradas em um único setor não refletem necessariamente uma desaceleração generalizada da economia.
O diretor também destacou o papel do Mercado de crédito na transmissão da política monetária. Segundo ele, observa-se uma redução no volume de novas concessões de crédito e um aumento nas taxas de juros, indicando que o mecanismo está funcionando como previsto.
Cenário Macroeconômico e Política Monetária
A afirmação de Picchetti reforça a visão do BC sobre a trajetória da economia brasileira. A expectativa é que a política monetária restritiva, representada pela alta taxa de juros, continue a moderar a demanda agregada e, consequentemente, a pressionar a inflação para baixo. A desaceleração da atividade, embora indesejada em si, é um efeito colateral esperado e necessário para o controle inflacionário.
Perspectivas para a Taxa Selic
A manutenção da Selic em 15% ao ano, combinada com a desaceleração observada, sugere que o Banco Central pode estar mais inclinado a manter os juros nesse patamar por um período estendido, aguardando a consolidação da queda da inflação e a normalização das expectativas. A Diretoria do BC tem enfatizado a importância de um período de juros altos para ancorar as expectativas e garantir o cumprimento das metas.
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Fonte: Valor Econômico