A inesperada decisão do ministro Luís Roberto Barroso de anunciar sua Aposentadoria antecipada do Supremo Tribunal Federal (STF) pegou muitos de surpresa, mesmo com rumores circulando. Às 17h35, Barroso iniciou a leitura de uma carta, marcando o fim de seus 12 anos e pouco mais de três meses na Corte.

A atmosfera no plenário, que até então acompanhava um julgamento usual, mudou drasticamente. Ministros que antes dedicavam atenção às telas de seus dispositivos, voltaram seus olhares para o colega, que embargou a voz e fez uma pausa para beber água antes de continuar sua declaração.
O plenário, não totalmente preenchido, testemunhou um momento histórico. Conforme Barroso lia sua carta de Despedida, a sala foi gradualmente sendo ocupada por sua equipe, muitos deles visivelmente emocionados, com alguns chorando.
A surpresa geral se deu pelo fato de que apenas os ministros Edson Fachin, presidente do STF, e Alexandre de Moraes, vice-presidente, foram previamente informados sobre a decisão de Barroso. Após realizar exames médicos e almoçar, Barroso compareceu à sua última sessão plenária como ministro.
Fachin, informado com antecedência, preparou um discurso para agradecer a amizade e o compromisso de Barroso na Defesa do STF e da Constituição. Os demais ministros, contudo, precisaram improvisar. Após o anúncio oficial, o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo e conhecido por embates anteriores com Barroso, pediu a palavra. Visivelmente emocionado, Mendes se levantou de sua cadeira para abraçar o futuro ex-colega, num gesto que quebrou o protocolo.
Luiz Fux, que participava remotamente, apareceu no telão com os olhos vermelhos e a voz embargada. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também discursou de improviso, assim como o advogado que representava a Central Única dos Trabalhadores no caso em julgamento, Ricardo Quintas Carneiro. Pego de surpresa, Carneiro citou Che Guevara: “hay que endurecer, pero sin perder la ternura” ao homenagear Barroso.

Ao final da sessão, os ministros se dirigiram à cadeira de Barroso em fila para abraçá-lo. O clima era de comoção e apoio ao colega, que, apesar das lágrimas, demonstrava alívio com a decisão. Servidores acompanharam Barroso até o salão branco.
Barroso planeja permanecer no Supremo por mais uma semana, com o objetivo de proferir votos em processos que estão sob sua relatoria com pedido de vista.
Reações e Impacto da Saída de Barroso
A Aposentadoria de Luís Roberto Barroso abre uma nova dinâmica no STF e no cenário político-jurídico brasileiro. A indicação de um novo ministro pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, trará novas perspectivas para a composição da Corte. A expectativa é que o novo integrante reflita o alinhamento político desejado pelo Executivo, impactando futuras decisões em temas sensíveis.
O Legado de Barroso no STF
Durante seu mandato, Barroso foi figura central em julgamentos de grande relevância, como os que envolveram a Lava Jato, a vacinação contra a Covid-19 e questões democráticas. Sua atuação foi marcada por uma Defesa enfática da Constituição e das instituições democráticas, mas também por decisões que geraram debates acirrados.
Próximos Passos e a Nomeação do Novo Ministro
Com a saída de Barroso, o STF terá uma nova composição. O processo de indicação e sabatina do novo ministro é acompanhado de perto por juristas e pela sociedade civil, pois a escolha impactará o equilíbrio de entendimentos na Corte por muitos anos. A antecipação da saída permite que o Governo planeje estrategicamente a nomeação.
Fonte: InfoMoney