Balanços 3T25: O que esperar das empresas de energia e saneamento?

A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025 para empresas de energia e saneamento (utilities) na Bolsa brasileira inicia nesta segunda-feira (27) com a divulgação dos números da Neoenergia (NEOE3). Analistas do Bank of America projetam destaques positivos para geradoras de energia hidrelétrica e térmica, impulsionadas pela volatilidade nos preços spot, o que favorece as margens.

Expectativas para Setores Específicos

No entanto, o banco americano prevê resultados mais fracos para geradores de energia renovável, impactados por curtailments (redução forçada de geração de energia) mais expressivos. Para as distribuidoras, o bom desempenho operacional, fruto de ganhos de eficiência e melhorias em Custos, pode ser atenuado por uma desaceleração no crescimento dos lucros devido à queda nas vendas de volumes regulados.

As altas taxas de juros também representam um ponto de atenção, com potencial de pressionar os resultados financeiros de companhias mais alavancadas e com dívida atrelada à Selic, como Energisa (ENGI11) e Auren Energia (AURE3).

Destaques Positivos e Negativos Antecipados

Entre os destaques positivos antecipados estão a Eneva (ENEV3), pela performance do despacho térmico trimestral; a Eletrobras (ELET3), agora Axia Energia, com comercialização positiva de energia e prêmios nos preços da energia hidrelétrica; Copel (CPLE6) e Sabesp (SBSP3), beneficiadas por iniciativas contínuas de eficiência e redução de custos.

O Itaú BBA aponta Eneva, Equatorial (EQTL3) e Sabesp como os principais destaques positivos, enquanto a Cemig (CMIG4) é vista como ponto negativo do trimestre.

Impacto das Restrições na Geração Renovável

O BBA ressalta que geradores de energia renovável foram mais afetados por efeitos de restrição no 3T25. O impacto na geração eólica atingiu 21,7% do total, comparado a 12,3% no 2T25. Já a restrição solar chegou a 34,2%, contra 23,2% no trimestre anterior. Apenas a Alupar (ALUP11) registrou redução anual nesses efeitos.

Para a Eneva, a expectativa é de um crescimento robusto de Ebitda anual de cerca de 60%, impulsionado pela incorporação de novas usinas e altos níveis de despacho térmico, apesar de desafios em seu complexo solar.

Análise Detalhada por Empresa

A Equatorial deve apresentar um aumento de aproximadamente 3% nos volumes faturados anualmente, com destaque para as concessões do Piauí e Maranhão, que compensam o desempenho mais fraco da CELG. As perdas de energia indicam melhora significativa, e despesas com inadimplência devem ficar em torno de 1% da Receita.

A Sabesp deve registrar aumento de 1,5% na receita líquida anual, com desempenho estável na tarifa média. Custos com Pessoal, Material e Serviços (PMS) devem cair cerca de 10% anualmente.

Desafios e Oportunidades para as Utilities

Em contrapartida, a Cemig deve enfrentar uma queda de cerca de 1,5% nos volumes faturados na distribuição, possivelmente pela perda de dois grandes clientes. Há risco de deterioração nas provisões. Contudo, perdas de energia devem ficar abaixo do nível regulatório, e despesas operacionais devem crescer abaixo da inflação.

No segmento de G&T, espera-se pressão no custo de energia comprada devido ao GSF, parcialmente compensada por estratégias da empresa. A receita líquida na área deve sofrer redução significativa.

Fonte: InfoMoney