A paralisação do governo dos Estados Unidos está gerando repercussões globais, com a ausência de dados oficiais afetando a percepção de economias como Japão e outros países sobre a maior economia do mundo. Essa falta de informação complica a política monetária e aumenta o risco de decisões equivocadas em um cenário já desafiador.

O impacto se estende à formulação de políticas monetárias em outras nações, que utilizam os dados americanos como referência para suas próprias decisões. Autoridades globais expressam preocupação com a continuidade dessa situação.
Preocupação de Bancos Centrais Globais
O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, destacou a seriedade do problema em coletiva de imprensa, mencionando os obstáculos para definir o momento de retomar aumentos na taxa de juros. Uma autoridade japonesa, que preferiu manter o anonimato, criticou a situação: “É uma piada. (O chair do Federal Reserve, Jerome) Powell continua dizendo que a política monetária do Fed depende dos dados, mas não há dados para depender”, afirmou.
Catherine Mann, membro do Banco da Inglaterra, reconheceu que, embora os dados dos EUA não sejam o fator principal nas discussões de política monetária britânica, mudanças que possam degradar a posição do dólar ou corroer a independência do Fed são observadas com atenção, mesmo que não sejam iminentes.

Impacto nas Reuniões de Washington e Governança de Dados
Líderes financeiros e econômicos reunidos em Washington para encontros do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) devem ter seus debates consumidos pelas implicações da paralisação. As discussões sobre os planos econômicos dos EUA, o desempenho da administração e a súbita interrupção do fluxo de dados oficiais sobre a economia americana — responsável por cerca de um quarto da produção mundial — dominam a agenda.
O FMI alertou, em seu relatório Perspectivas Econômicas Globais, que a intensificação da pressão política sobre instituições pode corroer a confiança pública. A situação é agravada por esforços para influenciar o Federal Reserve e pela Demissão da chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho, motivada pela irritação com um relatório de empregos.
A paralisação, que pode terminar a qualquer momento, é sintomática de questões mais profundas relacionadas à governança e à confiabilidade dos dados americanos, levantando preocupações sobre a estabilidade econômica global.
Fonte: InfoMoney