O JPMorgan revisou suas projeções para o Assaí (ASAI3), rebaixando a recomendação de neutro para venda. A instituição financeira também reduziu o preço-alvo de R$ 11,50 para R$ 8,50, antecipando um cenário mais adverso em 2026 para o crescimento da Receita. As ações do atacarejo já acumulam queda superior a 10% em outubro, apesar de registrarem alta de 57% no ano.


Por volta das 10h45, os papéis do Assaí operavam com forte desvalorização de 4,25%, negociados a R$ 8,11.
Nos últimos meses, o banco identificou uma deterioração nas tendências de vendas do setor varejista alimentar. A expectativa de desaceleração da inflação de alimentos até meados de 2026 aponta para um cenário de preços desafiador, dificultando o crescimento de volumes.
O setor enfrenta dificuldades com fortes tendências de trade-down, onde consumidores optam por produtos mais baratos, e uma resposta limitada a promoções, o que limita a recuperação de volumes com a queda da inflação.
Nesse contexto, o JPMorgan prevê risco de vendas mesmas lojas (SSS) negativas no primeiro semestre de 2026. A instituição também acredita que as iniciativas de eficiência do Assaí terão limitações para ganhos de margem.
Por outro lado, o Assaí deve reduzir seu endividamento naturalmente, embora de forma mais lenta que o projetado. O guidance de alavancagem para 2025 está em risco, com melhorias limitadas esperadas para 2026, mesmo com a redução do capex. Os atuais níveis de alavancagem são considerados restritivos, limitando a expansão e o espaço para Promoções em um mercado competitivo.
Como resultado dessas projeções, o JPMorgan ajustou suas estimativas, reduzindo as previsões de vendas, EBITDA e EPS para 2026 em 7%, 9% e 34%, respectivamente.
Cenário de Inflação de Alimentos e Pressão nas Vendas
O JPMorgan projeta que a inflação de alimentos para consumo doméstico continuará em trajetória de desaceleração, podendo atingir níveis de um dígito baixo até meados de 2026. A expectativa é que a inflação caia de aproximadamente 7% em agosto para cerca de 5% em outubro e novembro de 2025, convergindo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) geral.
Em 2026, a inflação de alimentos deve ficar, em média, 1 ponto percentual abaixo da inflação total. Essa dinâmica tende a dificultar a alavancagem operacional e manter a pressão sobre as vendas mesmas lojas (SSS) devido ao comportamento de trade-down dos consumidores.
Com a inflação desacelerando, a produtividade da área de vendas pode ser impactada, visto que a recuperação de volumes permanece incerta. Historicamente, existe uma correlação entre a variação da inflação de alimentos e o crescimento de SSS e vendas por área madura. Períodos de queda na inflação tendem a reduzir o desempenho das vendas. Para os próximos trimestres, espera-se uma inflação de alimentos menor entre o 3º trimestre de 2025 e o 3º trimestre de 2026, sustentando a tese de um momentum de vendas mais fraco.
Margem e Estrutura de Despesas
O banco projeta uma leve contração da margem EBITDA ajustada para 7,5% em 2026. Essa previsão leva em conta uma margem bruta estável, mas um menor momentum de vendas.
O setor de atacarejo tem demonstrado eficiência em despesas de vendas por metro quadrado, com crescimento abaixo da inflação. No entanto, a dificuldade em contratar pessoal pode pressionar os Custos operacionais, especialmente considerando a alta rotatividade de funcionários.
O Assaí está negociando a múltiplos de 15x e 9x Preço/Lucro (P/L) para 2026 e 2027 sob IFRS 16, e 12,5x e 8x sob IAS17. Essas avaliações são consideradas relativamente altas em comparação com o varejo brasileiro, que negocia a cerca de 9,5x P/L. O consenso de Mercado para o EPS nos próximos dois anos está cerca de 20% acima das estimativas do JPMorgan.
Fonte: InfoMoney