Ascensão Social: Estudo Revela Dificuldades para Famílias Pobres no Brasil

Estudo da Tendências Consultoria revela que ascensão social no Brasil está mais difícil para pobres, com juros altos e educação de baixa qualidade agravando o cenário.
ascensão social — foto ilustrativa ascensão social — foto ilustrativa

Um novo estudo da Tendências Consultoria aponta que a ascensão de status e classe social está se tornando mais difícil para os brasileiros de renda mais baixa. A pesquisa, divulgada em primeira mão, indica uma redução na mobilidade social, um fenômeno comum em países com alta desigualdade de renda.

A consultoria define isso como a “educação não revertida em produtividade”. Na prática, significa que indivíduos de classes mais baixas, mesmo com mais anos de estudo, enfrentam barreiras para transformar esse conhecimento em melhores empregos, Promoções e, consequentemente, salários mais altos.

Giuliana Folego, consultora da Tendências, explica que o Mercado de trabalho brasileiro é marcado pela alta informalidade, baixos salários e segmentação. Assim, mesmo quem consegue ingressar no mercado de trabalho tende a permanecer em posições com remuneração e proteção social limitadas.

Educação e Mercado: Um Descompasso Estrutural

“Embora o ingresso no mercado de trabalho seja o principal caminho para reduzir a pobreza, isso não é suficiente para superá-la”, afirma Folego. Ela destaca a baixa qualidade da educação básica, o desalinhamento entre currículos escolares e as demandas do mercado, além da oferta restrita de empregos qualificados como causas desse cenário.

“Mesmo com avanços formais em escolaridade, os trabalhadores desses grupos continuam concentrados em ocupações de baixa remuneração e produtividade”, completa a consultora. Isso evidencia que expandir o Acesso à educação sem melhorias estruturais no ensino e no setor produtivo não garante mobilidade social efetiva.

Gráfico ilustrando a dificuldade de ascensão social para pessoas de baixa renda no Brasil.
Gráfico ilustrando a dificuldade de ascensão social para pessoas de baixa renda no Brasil.

Juros Elevados Ampliam o Abismo entre Ricos e Pobres

O estudo também revela que as altas taxas de juros têm favorecido o aumento da renda das classes mais altas, ao mesmo tempo que prejudicam o Orçamento das mais baixas. Famílias cuja renda depende da remuneração do capital financeiro se beneficiam com as taxas elevadas.

Em contrapartida, as classes mais baixas enfrentam restrições de crédito e menor capacidade de pagamento. “A taxa de juros em patamares elevados favorece muito o aumento da remuneração [de ativos], principalmente para a classe A, que vive principalmente da renda proveniente do mercado financeiro”, explica Giuliana Folego.

Os dados indicam que, enquanto famílias da classe A obtêm 72% de sua renda total de fontes além do trabalho e previdência social, nas classes mais baixas esse percentual é de apenas 1,3%.

Comparativo da renda familiar por classe social no Brasil, com foco no impacto dos juros.
Comparativo da renda familiar por classe social no Brasil, com foco no impacto dos juros.

Este cenário é agravado pela expectativa de desaceleração do mercado de trabalho e pelo reajuste nulo do Bolsa Família em 2026. Isso deve resultar em um crescimento menor da renda para os mais pobres em comparação com as demais classes.

“As classes D e E devem mostrar um crescimento menor, que é principalmente condicionado ao reajuste nulo do Bolsa Família”, diz Folego, acrescentando que a queda no número de beneficiários, devido a regras mais rigorosas, também contribui para esse quadro.

Consumo Essencial em Alta Pressiona Orçamentos

As classes de renda mais baixa são as que mais gastam, proporcionalmente, com itens essenciais. Apesar da desaceleração da inflação de produtos essenciais, especialmente alimentos, a percepção de preços elevados persiste, principalmente entre as faixas de renda mais baixas.

“Mesmo com a desaceleração, os preços continuam em trajetória de alta”, aponta Folego. Ela cita a expectativa de elevação de 4% para o preço dos alimentos até o final de 2025, conforme o IPCA, como exemplo.

Cesta básica de consumo: impacto da inflação nas famílias de baixa renda.
Cesta básica de consumo: impacto da inflação nas famílias de baixa renda.

Outros gastos importantes, como energia elétrica e transporte público, também continuam a pressionar o orçamento doméstico. Para 2026, a projeção é de uma leve desaceleração da inflação de itens essenciais, mas os preços devem manter uma trajetória de alta, ainda que em ritmo mais moderado.

Medidas do Governo Podem Trazer Alívio

A consultoria prevê que medidas recentes anunciadas pelo Governo podem oferecer algum alívio às famílias das classes C, D e E nos próximos meses. A expansão de programas como o “Gás do povo” e a tarifa social de energia elétrica estão entre as iniciativas.

Além disso, reformas em discussão, como a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e isenção parcial para rendas de até R$ 7,3 mil, podem beneficiar principalmente a classe C.

“Nesse caso, o benefício fiscal seria direcionado justamente à classe C, formada por famílias com renda mensal entre R$ 3.500 e R$ 8.500”, explica Folego. Caso a proposta de validade indeterminada seja aprovada, espera-se que esses valores sejam convertidos em consumo, impulsionando a renda da classe C.

Fonte: G1

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