Argentinos vendem bens pessoais para sobreviver em meio à crise econômica

Crise na Argentina: argentinos vendem bens pessoais para sobreviver. Alta informalidade e dívidas marcam o cenário econômico sob Javier Milei.
argentinos vendem bens — foto ilustrativa argentinos vendem bens — foto ilustrativa

A crise econômica na Argentina intensifica-se, levando mais argentinos a venderem seus pertences para conseguir fechar o mês. Em Villa Fiorito, bairro popular na periferia de Buenos Aires, a informalidade e a busca por renda extra tornaram-se a norma.

A feira no bairro onde nasceu Diego Maradona reflete essa realidade: moradores oferecem desde verduras e ferramentas até roupas e perfumes. Muitos atuam como “manteros”, vendedores informais que expõem produtos em mantas no chão, muitos trazidos de casa ou encontrados.

Moradores vendendo itens diversos em mercado de rua em Villa Fiorito, Buenos Aires
Feira em Villa Fiorito se expande com moradores vendendo bens para sobreviver.

Crise Aprofundada sob Javier Milei

Em quase dois anos de Governo, o presidente Javier Milei focou na redução da inflação, mas essa política resultou na Suspensão de obras públicas e retração em setores cruciais como comércio e indústria, que são grandes geradores de emprego.

Com quase 40% da força de trabalho na informalidade, muitos argentinos acumulam ocupações. Uma pesquisa da consultoria Aresco indica que três em cada quatro pessoas consideram mais difícil fechar o mês em comparação com 2023.

O economista Guillermo Oliveto aponta que cerca de 70% da população, englobando classes média baixa e trabalhadora, esgota sua renda até o dia 15 do mês, precisando recorrer a estratégias de sobrevivência.

Cenário Semelhante a 2001

A atmosfera nas feiras de rua em Villa Fiorito, com a mistura de aromas e a oferta de itens de segunda mão, remete à crise de 2001 na Argentina. Vendedores oferecem desde eletrodomésticos desmontados até roupas e garrafas térmicas.

O cientista político Matías Mora, morador do bairro, observa que, embora o fenômeno do pluriemprego não seja novo, a gestão de Milei “aprofundou e agravou” o cenário, especialmente com a interrupção de obras públicas.

Endividamento e Sobrevivência

A dificuldade em chegar ao fim do mês leva muitos a se endividarem. Segundo Mora, os empréstimos informais no bairro chegam a cobrar entre 40% e 50% de juros mensais. Relatórios indicam que nove em cada dez famílias argentinas estão endividadas, com mais de 88% dessa dívida contraída entre 2024 e 2025.

O uso de cartões de crédito para cobrir despesas básicas, como a compra de alimentos, também é alarmante, representando 58% das dívidas nessa modalidade.

‘Manteros Digitais’ e Criatividade Popular

Mora cunhou o termo “manteros digitais” para descrever aqueles que vendem produtos em redes sociais, complementando ou substituindo as feiras presenciais. Esse novo ecossistema, que inclui grupos de WhatsApp, demonstra uma lógica de sobrevivência baseada no “engenho popular” e na criatividade, muitas vezes à custa da saúde mental e física dos indivíduos.

Fonte: G1

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