A Argentina está em uma situação crítica de reservas em dólares, com estimativas de traders indicando que restam apenas cerca de US$ 700 milhões nos cofres do país após intensas intervenções para sustentar o peso.

O governo do presidente Javier Milei tem vendido dólares consecutivamente. Na última terça-feira (7), o executivo gastou entre US$ 250 milhões e US$ 330 milhões para manter a moeda praticamente estável, elevando o total vendido em seis sessões a pelo menos US$ 1,5 bilhão.
Restrições do Banco Central e Dívidas Iminentes
Embora o Banco Central possua cerca de US$ 10 bilhões em dólares, seu uso é mais restrito. De acordo com o FMI, a autoridade monetária só pode intervir se o peso ultrapassar uma banda flutuante específica. No mês passado, o banco interveio três vezes, vendendo US$ 1,1 bilhão, mas o caixa do Tesouro tem sido a principal fonte para manter a estabilidade cambial recentemente. O Tesouro argentino não divulga oficialmente suas vendas de dólares.
As autoridades argentinas buscam urgentemente ajuda de Washington. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, prometeu socorro financeiro e discute o assunto com o ministro da Economia, Luis Caputo. O momento e o tamanho desse pacote de ajuda, no entanto, permanecem incertos.
Demanda por Dólares Persiste Apesar das Restrições
Apesar do aperto das políticas e de novos controles de capital, a demanda por dólares não diminuiu. O governo restabeleceu restrições, como uma proibição de 90 dias para revenda de dólares, e aumentou as vendas de contratos futuros de câmbio. Contudo, a diferença entre as taxas paralela e oficial se ampliou, com o câmbio paralelo ultrapassando 1.500 pesos por dólar, enquanto o oficial se situava em 1.429,5 pesos.
Os contratos futuros indicam uma depreciação anual de até 60% para o peso nos próximos 12 meses, superando as expectativas de inflação.
A crise cambial ocorre em um momento delicado, com o governo se preparando para pagar US$ 500 milhões em dívidas que vencem em novembro. Os títulos da dívida Argentina enfrentam pressão, enquanto o governo de Milei se aproxima das eleições legislativas cruciais em 26 de outubro, após uma derrota expressiva em eleições provinciais.
Os títulos em dólar caíram em toda a curva, com os papéis com vencimento em 2035 negociados a cerca de 56 centavos por dólar.

Fonte: InfoMoney